O urso e o gato-montês
texto: Kazumi Yumoto
ilustrações: Komako Sakai
editora: Outono
Como abordar com uma criança um tema tão difícil para nós, ocidentais, quanto a morte? Talvez a maioria até pense que isso seria desnecessário, afinal, infância não combina com algo tão triste assim. Eu mesma já pensei isso. Logo eu, que tive que conviver com a morte de forma tão próxima no início da adolescência. É como se negar a finitude da vida e do que está ao nosso redor os tornasse infinitos.
Mas não torna. Afinal, a morte é a única certeza, não é? E seguimos ignorando esse princípio básico, quase uma cláusula pétrea no contrato da vida. Preferimos esquecer tudo o que tivemos enquanto houve vida, e só pensar no que perderemos pelo seu fim. Isso dificulta um bocado as coisas, e por isso acho que esse livro deveria ser lido por todos, independente da idade.
Mas não torna. Afinal, a morte é a única certeza, não é? E seguimos ignorando esse princípio básico, quase uma cláusula pétrea no contrato da vida. Preferimos esquecer tudo o que tivemos enquanto houve vida, e só pensar no que perderemos pelo seu fim. Isso dificulta um bocado as coisas, e por isso acho que esse livro deveria ser lido por todos, independente da idade.
Ele foi escrito e ilustrado por japoneses, e gosto de pensar que talvez por isso tenha uma dose tão equilibrada de sensibilidade e lucidez na abordagem do tema. Ele traz a trajetória que o urso teve que percorrer para passar pelo luto da perda de seu melhor amigo, e sair do outro lado para seguir sua vida. Um livro que fala da morte sem rodeios, mas também sobre amizade, companheirismo e lealdade, e sobre algo que é imprescindível para superar a dor de uma perda: o reconhecimento desse sentimento. O luto faz parte da vida, e por mais doloroso que seja, qualquer que seja a idade, precisa ser vivido.
Eu tinha 13 anos quando minha mãe se foi. Minha irmã caçula tinha 4 anos, e coube a mim, por uma circunstância, explicar a ela que não, a mamãe não voltaria, nós não a veríamos. Nunca mais. Ela já sabia da morte, mas não tinha conseguido entender o que aquilo significava. Eu poderia ter chamado um adulto, eles estavam no cômodo ao lado, mas preferi explicar eu mesma, da maneira que me foi possível. E consolar o choro sofrido que veio com a minha resposta. Já não lembro exatamente o que disse, mas sei que continha céu e estrelinhas.
Eu tinha 13 anos quando minha mãe se foi. Minha irmã caçula tinha 4 anos, e coube a mim, por uma circunstância, explicar a ela que não, a mamãe não voltaria, nós não a veríamos. Nunca mais. Ela já sabia da morte, mas não tinha conseguido entender o que aquilo significava. Eu poderia ter chamado um adulto, eles estavam no cômodo ao lado, mas preferi explicar eu mesma, da maneira que me foi possível. E consolar o choro sofrido que veio com a minha resposta. Já não lembro exatamente o que disse, mas sei que continha céu e estrelinhas.
Eu também sentia falta da mamãe, e também não entendia muito bem onde aquilo nos levaria. Talvez não devesse ser assim, mas foi. Por isso ressignificar o luto e a perda é essencial para seguir vivendo - assim como fez o urso. Porque toda perda envolve uma parte que vai e outra que fica. E se algo ficou é porque a vida precisa continuar...