25 outubro 2011

Tem certeza? Como sabe?

A sorte de Ozu
texto: Claudia Rueda
ilustrações: Fabio Weintraub
editora: Los Primeríssimos

O livro dessa semana foi mais uma grata surpresa da ciranda do livro da escola da filhota. Peguei ele na mochila meio desconfiada. Pequeno, fininho, realmente imaginei que fosse apenas mais um livro bobinho que não tem nada interessante para contar. Ledo engano. Sua história é grandiosa, embora simples, como a maioria das coisas realmente boas.

Na verdade, a história é baseada em um conto taoísta, que apresenta uma sucessão de acontecimentos que atingem a vida do menino Ozu, fazendo-o sentir-se ora o mais azarado, ora o mais sortudo menino do mundo. A cada novo acontecimento, Ozu achava que aquela tinha sido a melhor - ou a pior - coisa que poderia ter-lhe acontecido, e sempre ouvia de seu sábio pai: "tem certeza? como sabe?". E o acontecimento seguinte mostrava o quanto o menino estava enganado. Foi assim quando seu cavalo fugiu, e ele se sentiu o mais azarado dos azarados, e voltou acompanhado de outros cavalos, e ele se sentiu o mais sortudo dos sortudos, até que... outro acontecimento virou toda a história. Para nossos pequenos ansiosos, que querem tudo agora, definido, e encaram tudo com toda intensidade possível, é uma boa forma de fazê-los refletir sobre as imprevisibilidades da vida.

Aliás, taí um livro infantil que me botou pra pensar. Sempre tenho uma tendência a querer racionalizar e definir tudo que acontece em minha vida como BOM ou RUIM, esquecendo que tudo que acontece tem consequências, algumas boas, outras não. E como a vida dá voltas, e transforma coisas boas em ruins, e as ruins em boas. Que vontade de ter a sabedoria do pai de Ozu, e também saber esperar com tranquilidade as consequências de tudo que a vida me traz. Sem desespero, sem descuido. Porque a vida é essa que vivemos, e boa ou ruim, ela pode mudar.

Eita, que hoje eu viajei, né? Mas procurem o livro, tenho certeza que vão gostar.

20 outubro 2011

Hora do banho!!!

Chuveiro
texto: Karen Acioly
ilustrações: Nathália Sá Cavalcante
Editora: Rocco

Aqui em casa a hora do banho é sem dúvida o momento mais tumultuado com a pequena Cachinhos. Em geral ela não dá trabalho para comer, fazer as atividades da escola, arrumar suas bagunças, mas falou em banho... a coisa se complica. E isso é desde bem pequenina, quando ainda nem falava direito. Já me disseram que era fase, mas uma fase de quatro anos, não é exatamente uma fase, né? Já me disseram para dar banho com a ducha, depois para trocar a ducha. Já me disseram para levar brinquedinhos para o banho, canetinhas laváveis para escrever nas paredes do box, esponjinhas de personagens. Já apelei até para o quadro de adesivos no estilo supernanny, mas o fato é que a figurinha percebeu que esse é um ponto fraco para nós, pois não temos ajudantes em casa e nossos horários são bem apertados, e deita e rola com isso. Todas estas táticas funcionaram temporariamente, mas logo os gritos de "não!!!", "não queroooo!!!", "não gostoooo!!!", ou os argumentos "depois eu vou", "preciso (?!?!) brincar só mais um pouquinho", "estou com sono", "mas eu nem estou suja", recomeçam.

Comentei sobre isso com uma amiga alguns dias antes do aniversário de minha filha do ano passado, e no dia da festinha nos deparamos com este divertido livro de Karen Acioly entre os presentes. Os desenhos são engraçados e coloridos. O texto curto brinca com as palavras e com situações que envolve o banho e o ato de limpar-se dos personagens. Aqui em casa as risadas são certas quando leio "o ciricutico da Nina" ou "a pindamonhangaba do Pedro", mas as gargalhadas vêem mesmo com "a bundoca da Clara". Nem sei ao certo porque, mas ela acha o termo bundoca incontrolavelmente "gargalhante"... Eu que adoro jogo de palavras me divirto horrores com a diversão dela.

E agora a hora do banho aqui em casa... bem, agora a hora do banho permanece como nosso conflito diário. Cada dia uma nova argumentação, uma nova estratégia, para ela e para nós. Mas os banhos acontecem, SEMPRE. Brinco que deve ser angustiante para uma fã do Cascão tomar tantos banho como a filhota toma (2 em casa e 2 na escola). Pode ser preguiça ou omissão minha, mas eu parei de tentar encontrar uma solução para isso de qualquer jeito. Estou encarando mais como um processo de protesto dela, uma necessidade de dizer não a algo que sabe que é importante para nós - certamente, se não fizessemos tanta pressão, a situação seria diferente. Por isso, agora, o banho antes de dormir só acontece quando realmente necessário, ou quando ela está mais receptiva. Do banho ao acordar eu não abro mão.

Quanto a Chuveiro, posso dizer que ele cumpre perfeitamente seu papel aqui em casa: nos divertir e lembrar que a hora do banho pode ser muito, muito divertida. Os livros são mágicos, mas somos nós quem escolhemos a magia que queremos deles.

13 outubro 2011

Somos todos brasileirinhos!!!



Brasileirinhos (2001)
Novos Brasileirinhos (2002)
Mais Brasileirinhos! (2003)
Bem Brasileirinhos (2004)
texto: Lalau
ilustrações: Laurabeatriz
editora: Cosac Naify

Ontem foi o dia das crianças, um dia tão especial para quem tem por perto um desses serzinhos fantásticos, capazes de transformar nossa vida e virar tudo de ponta cabeça. Foi ainda o dia nacional da leitura, instituído em 2009. Foi um dia especial aqui em casa, com direito a sessão de culinária entre mãe e filha, piscina e churrasco com melhores amigos, teatro no final da tarde e muita leitura. O presente da minha cachinhos foi escolhido a dedo e com muito carinho: os quatro livros da coleção Brasileirinhos e o cd produzido a partir dos livros.

A parceria entre Lalau e Laurabeatriz já produziu excelentes livros, muitos abordando a diversidade e os riscos da nossa fauna, mas para mim nenhum é tão especial quanto os da coleção Brasileirinhos. Foram selecinados 50 animais dentre os que estão na lista de risco de instinção do IBAMA, e cada um deles ganhou de Lalau uma linda e divertida poesia, de Laurabeatriz uma belíssima ilustração, além de uma pequeno texto com algumas de suas curiosidades, como habitat, alimentação e reprodução. Editados pela Cosac Naify, o resultado é encantador. Ah, e há algumas surpresinhas nos livros, como um jogo da memória e uma cartela de adesivos com as ilustrações usadas, e um cd com alguns poemas musicados. Pois é, é que o músico Paulo Bira, encantado com as poesias de Lalau resolveu transformar em músicas alguns de seus poemas, e o resultado é muito gostoso. No último livro da coleção (Bem Brasileirinhos) vem encartado um cd com oito destas músicas, mas o cd com as 15 produzidas pode ser comprado separadamente - foi o que eu fiz. Ah, mas as músicas são interpretadas por artistas diversos, como Zeca Baleiro, Paulo Tatit, Suzana Salles, Marisa Orth, entre outros.



A filhota adorou ouvir as músicas, riu muito com a do mico-de-cheiro, brincar com o jogo da memória e os adesivos liiiindos, e saber um pouco mais sobre os bichos que correm o risco de desaparecer. Não tenho dúvidas que este presente ainda nos renderá muitos momentos de diversão e aprendizagem. Para deixar um gostinho em vocês, segue abaixo o poema e o texto sobre o mico-de-cheiro:

Mico-de-cheiro

Fez xixi na árvore.
Fez xixi na moita.
Fez xixi na folha.
Fez xixi na plantação.

Fez xixi no galho.
Fez xixi no tronco.
Fez xixi na planta.
Fez xixi no chão.

Mico-de-cheiro,
Já para o banheiro!


Vive na Amazônia. Usa a própria urina para marcar seu território na mata. Anda em bandos e sua dieta é muito variada: insetos, frutas, sementes, folhas, flores, ovos e passarinhos. Por ano, milhares são capturados para laboratórios de pesquisa ou lojas de animais de estimação. Além destas, outra causa de sua extinção é a destruição de seu hábitat.