Aviso aos navegantes: até o final do dia, todos os livros da Cosac Naify estão pela metade do preço na Livraria Cultura - lojas físicas e internet. A editora tem excelentes títulos, todos com apresentação impecável, e preços geralmente mais salgados que as demais, ou seja, uma ótima oportunidade. Eu já fiz a festa na sessão infantil, claro...
dica: a livraria Cultura, assim como a livraria Saraiva, possui a opção de entrega dos livros comprados pela internet nas lojas físicas sem a cobrança de frete. Basta selecionar a opção "Retirar em loja" como opção de entrega, a livraria vai te ligar para avisar que os livros chegaram e você retira na loja física. Para quem mora em cidades com livraria Cultura e está sem tempo de ir hoje, é uma boa alternativa.
28 julho 2011
26 julho 2011
Menina bonita do laço de fita
Menina bonita do laço de fita
texto: Ana Maria Machado
ilustrações: Claudius
editora: Ática
Para quem não sabe, a minha é uma família colorida. Isso na prática, porque na teoria, usando como referência o censo demográfico do IBGE, estamos os três na enigmática categoria dos pardos. Em relação ao tom de pele, sou o que se costuma chamar de morena clara, com olhos e cabelos escuros, e como se sabe, muitos cachos. Meu marido, seguindo a mesma linha de raciocínio, é moreno escuro, com alguns traços afros: cabelo de carapinha, nariz largo, lábios grossos. Nossa filha puxou o tom de pele do pai, com traços mais misturados, como lábios mais finos e cachos bem definidos, embora menos largos que os meus.
Quando ela ainda era um bebê, eu comecei a imaginar que em um determinado momento de sua vida ela começaria a fazer questionamentos relacionados a sua cor, e foi nessa época que me deparei, em uma livraria, com esse livro que já é quase um clássico da literatura brasileira: Menina bonita do laço de fita, da maravilhosa Ana Maria Machado. Naquela primeira leitura tive certeza que, quando o momento das perguntas chegasse, eu o leria para minha filha. Mas o fato é que o tempo foi passando, e nenhum questionamento surgiu. Mais que isso, a pequena demonstrava muita consciência em relação a sua cor, e tranqüilidade com nossas diferenças, tanto em conversas quanto em desenhos. Eu comecei a imaginar que ela era mesmo muito bem resolvida, e tais questionamentos nunca chegariam... mas chegaram, explicitamente na forma de uma insatisfação: “eu não quero ser pretinha, eu quero ser branquinha como você, mamãe”. Assim mesmo, direta, sem rodeios, como acontece com as crianças que não têm medo de mostrar seus sentimentos. E continuou “vou me pintar de branco, misturar tinta e passar com pincel”. Eu disse que não podemos mudar nossa cor, que tinta não muda quem somos, que sua cor é linda, como a do papai. Mas ela falou mais: “mas eu não gosto de ser pretinha, e não quero ter a cor do papai”. Disse a ela que tudo bem ela querer ser diferente, mas deixei claro que nem ela nem ninguém poderia mudar de cor (espero que ela demore a saber de Michael Jackson rsrs).
Tentei ser o mais tranqüila e clara possível nessa conversa, mas não posso negar as apreensões que me rondaram. Meus medos, anseios e culpas maternas ficaram querendo encontrar uma brechinha para chegar, e é maravilhoso saber que também nesses momentos os livros infantis estão a postos para nos ajudar. Assim, no dia seguinte a uma segunda rodada de questionamentos, iniciada novamente por ela, dei-lhe o livro. Ela que adora presentes e adora livros, ficou eufórica e pediu que eu o lesse imediatamente. Deitamos em minha cama e fui lendo a história de um coelhinho branquinho, branquinho, que admira muito sua vizinha, uma menina de pele escura e lustrosa como o pelo de uma pantera negra na chuva. Ele a considera a pessoa mais linda que já vira, e deseja ter uma filhinha pretinha como ela. Depois de várias tentativas de ficar preto(inclusive pintar-se de tinta preta), ele percebe que não poderia mudar sua cor, e a única forma de ter uma filha pretinha seria casar-se com uma coelhinha pretinha.
Um pouco depois da leitura, quando estávamos juntas na cozinha, falei para minha filha imitando o coelhinho da história: “menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo para ser tão pretinha?” e ela, decidida, respondeu: “eu não sou a menina bonita do laço de fita!”. Reformulei a pergunta e a repeti, começando dessa vez com o seu nome, e ela respondeu “é porque meu pai é pretinho”. Nossa, quanto alívio com essa resposta... Sei que os questionamentos continuarão, a insatisfação também, mas percebi que ela começou a entender suas origens, e tenho certeza que um dia terá muito orgulho delas, mesmo que prefira ter isso ou aquilo diferente (quem não prefere?). Bom, fato é que já relemos o livro várias vezes, e há meses novos questionamentos não surgem.
Para mim é um consolo saber que posso contar com bons livros como aliados. Falando nisso, desde então tenho me sentido muito próxima de Ana Maria Machado, como se formássemos uma parceria rsrs Delírios secretos que os livros infantis nos proporcionam.
Para mim é um consolo saber que posso contar com bons livros como aliados. Falando nisso, desde então tenho me sentido muito próxima de Ana Maria Machado, como se formássemos uma parceria rsrs Delírios secretos que os livros infantis nos proporcionam.
19 julho 2011
Na arca, de A a Z...
Boa Noite, Noé
texto e ilustrações: Molly Schaar Idle
tradução: David e Elisiane Araújo
editora: Mundo Cristão
Minha filha começou a conhecer as letras pela inicial dos nomes das pessoas. Primeiro a do seu próprio nome, depois do nome de seus colegas, então dos pais de todos os colegas da sala, das professoras, outros colegas da escola, e por aí seguiu, até conhecer todas as 26. Por isso não pude resisti quando vi Boa Noite, Noé na prateleira de uma livraria.
O livro conta como, em sua arca, Noé coloca para dormir cada casal de hóspedes. No texto rimado, cada bichinho tem um jeito diferente de dizer boa noite - alguns bem conhecidos dos pais e mães de filhos pequenos - de acordo com as características de cada um. Aliás, os animais são bastante variados, e alguns pouco conhecidos, o que é muito interessante. O livro tem também uma apresentação ótima, com capa dura e ilustrações fofas dos vários bichinhos e de um gorducho e simpático Noé.
Mas o que me encantou foi que cada animal é chamado pelo nome, e os nomes seguem a ordem alfabética, desde Ana e André, os jacarés, que escovam e escovam até que cada dente fique bem branquinho, até Yasmin e Yuri, os iaques, que bocejam e mais uma vez dormem como desejam. O Z? Ahhhh, leia o livro para descobrir...
12 julho 2011
As várias possibilidades de uma vida e a arte do desapego.
Botão
texto e ilustrações: Sara Fanelli
editora: Manole
O livro de hoje foi descoberto por mim em uma das nossas visitas a Praia dos Livros, um sebo super astral localizado no porto da Barra, aqui em Salvador. A loja foi mais uma descoberta que fiz no Pequenópolis, e tem uma área exclusiva para as crianças, onde dá para se esparramar para leituras. Um passeio que é sucesso garantido com minha Cachinhos é passear no calçadão do porto, tomar água de coco e visitar o sebo. Se fizermos uma parada no farol da Barra, então...
Fomos lá algumas vezes, e já fizemos boas aquisições. Numa das vezes o Botão estava lá, no meio dos outros livros, e foi impossível não percebê-lo com sua capa dura preta e seu grande botão vermelho. Aliás, o botão da capa gira, e pelos seus quatro buracos vão passando alguns dos personagens, o que já garante que a brincadeira comece antes do início da história. Ah, a história... o botão queria conhecer o mundo, por isso se esticooooou, puxoooou, e soltou-se do casaco ao qual estava costurado. E saiu rolando por aí, passando pelos outros personagens, e na mão de cada um deles o botão ganhou uma utilidade diferente. Mas a verdade é que ele não conseguia se identificar com nenhuma delas, afinal, ele é mesmo um botão... Adoro a história, ela me faz lembrar que nossa vida é cheia de múltiplas possibilidades, e é legal buscar conhece-las, mas para ser feliz com uma delas é preciso ter consciência do que realmente somos. Enfim, viagens minhas...
O fato é que quando o comprei minha pequena tinha uns 2 aninhos, mas foi mais recentemente, com 4 anos, que ela começou a curti-lo, entendendo suas nuances. Não posso deixar de dizer que além da brincadeira da capa existem outras, como as diversas formas com que o texto se apresenta no livro, obrigando o leitor a hora estar com o livro de cabeça para cima, hora de cabeça para baixo, hora de lado e as vezes o girando em todas as direções para conseguir ler todas as suas frases – o que sempre arranca risadas. As ilustrações usam traços simples, e fazem composições com colagens, o que fez minha filha exclamar outro dia, enquanto passava o dedo eufórica por uma imagem: “olha, mamãe, ele fez colagem de revista”, provavelmente lembrando suas próprias colagens.
O fato é que quando o comprei minha pequena tinha uns 2 aninhos, mas foi mais recentemente, com 4 anos, que ela começou a curti-lo, entendendo suas nuances. Não posso deixar de dizer que além da brincadeira da capa existem outras, como as diversas formas com que o texto se apresenta no livro, obrigando o leitor a hora estar com o livro de cabeça para cima, hora de cabeça para baixo, hora de lado e as vezes o girando em todas as direções para conseguir ler todas as suas frases – o que sempre arranca risadas. As ilustrações usam traços simples, e fazem composições com colagens, o que fez minha filha exclamar outro dia, enquanto passava o dedo eufórica por uma imagem: “olha, mamãe, ele fez colagem de revista”, provavelmente lembrando suas próprias colagens.
Escrever sobre esse livro me fez lembrar também do quanto sou apegada aos meus livros infantis. Acho uma delícia ir a sebos e comprar livros sabendo que eles já passaram por outras mãos e carregam em si muitas histórias... mas não me imagino vendendo nossos livros em um sebo, dividindo nossas história com pessoas desconhecidas. Sim, preciso exercitar o desapego com os livros infantis, como já consegui com outras coisas, mas por enquanto, eles estão tendo muita utilidade nessa casa...
05 julho 2011
Aventuras de um gato xadrez
Era uma vez um gato xadrez...
texto e ilustrações: Bia Villela
editora: Escala Educacional
Conheci o Era uma vez um gato xadrez através da escola de minha filha, que o usou para ensinar as cores às crianças de 2 anos. Com rimas e uma linguagem simples o livro cria situações para gatos de todas as cores, como o verde, que era preguiçoso e foi deitar na rede, ou o vermelho, que entrou no banheiro e fez careta no espelho. As situações são divertidas e gostosas de imaginar. As ilustrações são geniais, mas simples e geométricas, o que ajudou, por exemplo, que na escola as crianças com as professoras reproduzissem o livro em tamanho grande (em cartolina) com pintura e colagem de materiais diversos. E pela velocidade com que a turminha aprendeu a identificar as cores, posso assegurar que além da diversão garantida, o aprendizado é certo.
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