02 agosto 2011

A estrela de Neruda... uma indicação maravilhosa e estratégias maternas

Ode a uma estrela.
texto: Pablo Neruda
ilustrações: Elena Odriozola
tradução: Carlito Azevedo
editora: Cosac Naify

Lembro de ter tomado conhecimento da poesia de Pablo Neruda já no final do ensino médio, e lembro do impacto que ela me causou. Naquela fase ultra romântica da minha vida, sua forma de falar do amor me encantava e embalava. Tempos depois descobri que Neruda tinha falado de bem mais do que amor, e mais recentemente que ele também falou às crianças. E fico muito feliz em pensar que minha filha poderá conhecer a poesia de Neruda ainda na infância.

Ode a uma estrela é tão lindo quanto o título sugere. É poesia, mas contém uma história com início, meio e fim, o que é importante para prender a atenção e o entusiasmo das crianças. Contada em primeira pessoa, a história fala de um homem que, do alto de um arranha-céu, toca a abóbada noturna e apodera-se de uma estrela. Expressões como altíssimo e aflitivo para o arranha-céu e amor extraordinário para o ato de pegar a estrela, expressam o tom intenso do poeta. A história se desenrola pelas dificuldades que surgem com a posse da estrela, cuja luz atrai a atenção de muitos e dificulta as tarefas mais simples na vida de seu "dono", que afinal a liberta. A possibilidade surreal de pegar uma estrela e carregá-la no bolso, ou guardá-la debaixo de sua cama, o texto cuidadoso e as ilustrações sensacionais - que quase nos fazem tocar a luz da estrela - garantem o encantamento dos pequenos. Para os adultos, cabe uma boa reflexão sobre "pegar e guardar para si" um ser amado, que no fundo, queria retornar para a noite, e sem dúvida, tinha muito mais a oferecer estando livre. Em suma, livro para a família toda.

O livro foi comprado na farra que fiz na Livraria Cultura semana passada, mas estava na minha lista de COMPRAR URGENTE desde que o vi/ouvi na lista dos 30 melhores livros infantis de 2011, e eu quero falar um pouco sobre essa maravilhosa publicação da revista Crescer. Aliás, quero principalmente destacar o trabalho cuidadoso e apaixonado de Cristiane Rogério, que é editora de Educação e Cultura da revista, mantem a coluna semanal "Ler para Crescer" e é responsável pela área Livros para uma Cuca Bacana (que além de resenhas de livros agrupados por indicação de idade - uma excelente fonte de pesquisa para bons livros - traz entrevistas com escritores e ilustradores, contos de convidados especiais e os geniais vídeos da série Livro Contado) e pela seleção anual de "Os 30 melhores livros infantis do ano" - ufaaaa... Sou fã do trabalho de Cristiane e o acompanho há anos, sempre esperando ansiosa a divulgação dos "30 melhores", que está na sexta edição e cada vez melhor. Em 2010 e 2011 a apresentação dos 30 escolhidos incluiu um audio com a leitura do início das obras e um videozinho que mostra uma criança o manuseando. Um deleite para quem gosta de livros infantis. Clique aqui para ouvir e ver Ode a uma estrela.

O livro está aqui do meu lado, mas ainda não foi apresentado a minha filha, e isso tem dois motivos principais: eu escolho o melhor momento para apresentar livros a ela, e eu evito passar-lhe a ideia de consumismo, mesmo que seja com livros. Adoro escolher livros para minha Cachinhos, porque adoro imaginar como cada palavra, cada história, chegará ao seu ouvido, por isso procuro escolher o melhor momento para apresentar esse ou aquele livro. Na verdade, quero que os livros tenham o melhor impacto possível sobre ela, e embora erre algumas vezes (as vezes ela só vai se interessar por um livro meses ou anos depois de ter ganho), ainda prefiro seguir tentando acertar. O outro motivo tem a ver com o consumismo, do qual eu prefiro preservá-la. É fato que não sou uma pessoa consumista, mas tenho meus momentos de exageros, principalmente quando o assunto é livros. Compro muito mais livros que brinquedos para ela, e embora ache importantíssimo que ela tenha variedade e qualidade de livros em casa, não quero passar a ideia de descontrole, nem que os livros são comprados sem sacrifícios, o que não é verdade, MESMO. Enfim, sempre tenho livros guardados em uma caixa que mantenho no alto do armário do meu banheiro, aguardando o tal "momento oportuno" para chegarem a suas pequenas mãos. O momento pode ser dado por ela, ou simplesmente pelo espaçamento de tempo entre um livro e outro. Assim, Ode a uma estrela vai para a dita caixa, mas prometo voltar para contar quando ela "ler" pela primeira vez Neruda... precinto que será um grande momento.

2 comentários:

  1. Mil,
    Este livro é mesmo um tesouro que contém
    em suas páginas outros tesouros.
    Acho que o momento certo para sua filha
    descobrir o que nele está guardado vai
    ser muito especial.
    Você é uma mãe muito dedicada!

    Em se tratando de livros,sou consumista.
    Não queria ser assim, mas não sei me
    controlar, não sei ser diferente.Ontem,
    comprei dois livros e hoje,acabei de
    incluir mais quatro títulos na lista de
    "comprar".rsrsrs Por que será que sou
    assim? Não consigo zerar minha lista.
    No início de setembro, teremos, aqui no
    Rio, a Bienal do Livro. Já estou contando
    os dias. Lá, eu vou fazer uma farra, como
    você fez na livraria CULTURA.A minha lista
    está com 12 títulos.Haja dinheiro e espaço
    nas prateleiras e estantes!
    Uma boa semana para você e família!
    Bjs e até terça.
    Cristina Sá do blog:
    http://cristinasaliteraturainfantilejuvenil.
    blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. ai, mi, como eu gostaria de conseguir colocar esta estratégia de ir dando aos poucos... de aguardar o momento... mas acho que não será desta vez: vou compartilhar com ela a alegria de abrir uma caixa de surpresas.
    beijoca

    ResponderExcluir