Uma Chapeuzinho Vermelho
texto e ilustrações: Marjolaine Leray
editora: Companhia das Letrinhas
O post de hoje tenta atender a um convite feito pelo Movimento Infância Livre de Consumismo, que neste dia das crianças está promovendo uma série de ações e reflexões sobre a questão comercial e o consumismo desta data. Nesse contexto foi lançada uma proposta de reflexão coletiva sobre a experiência do brincar criativo em família, através da blogagem de fotos, textos, desenhos, ou tudo junto, com o tema "Dia das Crianças: Compartilhe brincadeiras". O objetivo é mostrar como brincar e ser feliz não tem nada a ver com consumismo, e que o DIA DAS CRIANÇAS vai ser muito melhor aproveitado pelos homenageados se for comemorado com diversão em família do que com brinquedos caros.
Fiquei cá com meus botões pensando que brincadeira poderia colocar aqui, que, claro, não fugisse ao tema do blog, e imediatamente lembrei do teatrinho de Chapeuzinho Vermelho que fizemos aqui em casa há umas 3 semanas. Não é primeira vez que esta mesma parede recebe um cenário para um teatrinho de papel. A primeira vez foi com Pedro e o Lobo, e foi devidamente registrado aqui. Mas desta vez foi diferente, pois a ideia foi totalmente dela, enquanto da outra fui eu quem a convidou a montar a brincadeira. Além disso, a minha participação na criação dos desenhos e dos personagens foi quase nula, e foi a pequena quem bolou praticamente tudo. Inclusive o caçador que usa uma serra elétrica ao invés da espingarda (!!!).
Uma brincadeira extremamente simples, mas muito divertida. Uma diversão que começa com a escolha da história, o planejamento do teatrinho, a confecção do cenário e dos personagens, e a apresentação no final. Aliás, estou adorando essa fase da minha pequena, de maior autonomia para inventar, idealizar e executar brincadeiras assim, simples e criativas, usando apenas os elementos que já temos a mão. Eu topo quase tudo que ela propõe, e incentivo todas as suas manifestações de arte, mesmo que o desenho fique meio desproporcional, ou que eu saiba que se eu mesma fizesse o resultado seria melhor. Aliás, o resultado final é o que menos importa nesse processo...
E isto me lembra um livro e um blog que eu adoro. Conheci Uma Chapeuzinho Vermelho no blog Kids indoors, da super talentosa Gisele Barcellos, e o comprei em seguida. Ela é mãe e foi arte-educadora, e no seu blog dá várias dicas de atividades lúdicas e artísticas para as crianças, além de ótimas dicas de livros. O que eu mais gosto no seu blog é exatamente esta liberdade que ela dá às crianças para criarem e se manifestarem através das artes, e no post de Uma Chapeuzinho Vermelho a brincadeira que ela criou com os filhos foi reproduzir os personagens do livro, que são apenas o lobo e a Chapeuzinho, com arames coloridos.
Tudo a ver com a proposta de Majorlaine Leray, que conta a manjada - mas irresistível - história da menina encapuzada de um jeito muito especial: ela descreve apenas o encontro dos dois principais personagens, que são ilustrados somente com as cores preta, para o lobo, e vermelha, para a Chapeuzinho, com traços simples, como rabiscos infantis. Os diálogos também são simples, com letra cursiva e seguindo as cores dos personagens - preta para o lobo e vermelha para a Chapeuzinho - e o desenrolar da história é totalmente surpreendente. Ah, porque essa Chapeuzinho, de bobinha não tem nada, e ao invés de tremer de medo diante do temível lobo que a queria devorar, saca uma ideia simples e consegue enganar o bichão... tolinho! A proposta do livro é mesmo ser pouco convencional, substituindo ilustrações fofinhas por rabiscos aparentemente aleatórios, mas que expressam muito bem os personagens, e dando a história, por todos decorada, novas possibilidades. E aí, quantas vezes tolhemos a imaginação e manifestações das crianças por serem "pouco convencionais"?
Desconstruir histórias tradicionais, encontrar novas formas de expressão que fogem do padrão estético considerado "ideal", é uma das forma que as crianças encontram de ir além do que já conhecem, e como elas aprendem com isso. Pense nisso antes de sacar o cartão de crédito neste dia das crianças para comprar para suas crianças brinquedos caros e que apenas lhe dão fórmulas prontas de diversão. A infância é capaz de muito mais...
Mil Cachinhos, adorei o teatrinho de vocês! Uma proposta simples e linda.
ResponderExcluirBeijo
http://abrindoclareiras.blogspot.com.br
que lindo... minha filha fez uma coisa parecida em casa, sozinha, tudo da cabeça dela...
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