Viveiro de Pássaros
texto: Braguinha
ilustrações: Tatiana Paiva
editora: Rocco Pequenos Leitores
Depois de Festa no Céu,
tenho descoberto os ótimos livros infantis de Braguinha, e me encantado com seu jeito especial de escrever. Pela editora Rocco, com ilustrações da super talentosa Tatiana
Paiva, são três títulos: Festa no Céu, Viveiro de Pássaros e Festival da
Primavera (esse último eu ainda não tenho – ó que dica boa de presente pra mim?
rsrs). Só de olhar as três capas já fica visível a preferência pelos pássaros que
tinha o autor, que além de Braguinha, também era conhecido por João de
Barros - nome de pássaro - embora tivesse como nome verdadeiro Carlos Alberto
Ferreira Braga.
Viveiro
de Pássaros rapidamente se tornou um dos nossos livros
preferidos. Todo rimado em versinhos, o texto é envolvente e lindo,
possibilitando muitas reflexões. A história se passa no viveiro de pássaros de
seu Manduca, que, junto com seu filho Pinduca, caça os passarinhos e os prendem
em cativeiro. E “tem patativas, tem sabiá, tem tico-tico, tem tangará, tem
pintassilgo, tem curió, tem pintarroxo, tem chororó” e mais um monte de
pássaros. Ah, mas um dia, Pinduca pegou um passarinho novo e diferente dos que
tinham no viveiro. Seu pai bem que tentou avisar: “Pinduca, solta esse bicho!
Esse pássaro não presta. É o moleque mais teimoso que existe em toda floresta.
Atrapalha a cantoria, faz barulho, faz berreiro. Vai fazer desarmonia, vai
acabar com o viveiro”. Mas Pinduca não deu ouvidos aos avisos do pai, e lá
levou o pica-pau para junto dos outros pássaros. Ahaaa, e foi aí que tudo
começou a mudar! Porque o pica-pau é mesmo um bichinho tinhoso, e tratou logo
de encontrar um jeito de tirar todo mundo do cativeiro. Não vou contar o resto
da história, mas posso adiantar que a passarada, ao comando do pica-pau,
começou uma revolução no viveiro.
Não posso negar o
quanto livros que falam sobre a liberdade dos animais me encantam. Aliás, já
falei sobre isso aqui, com o maravilhoso Para Criar Passarinho de Bartolomeu
Campos de Queirós, que fala com enorme delicadeza da importância da liberdade,
para passarinhos e para toda a gente, e aqui,
com Flop, de Laurent Cardon, que não
usa uma única palavra para contar a história de um menino e seu peixinho, e do
quanto o amor não combina com prisão. E isso me lembra a minha eterna dicotomia em relação aos
zoológicos: amo e odeio! Amo porque é um dos únicos lugares em que posso ter e
proporcionar à minha filha contato com os animais não domesticados. Odeio pelo imenso
pesar que sinto ao ver um pássaro, que teria o infinito do céu, preso em uma
gaiola, por maior que esta seja, ou um urso andando de um lado para outro de
uma jaula. Que bicho estranho é o homem...
E por falar nas estranhezas
do bicho homem, lembrei-me da exposição Brinquedos
que moram nos sonhos, que encantou a todos os soteropolitanos nos primeiros
meses deste ano. Dentre os vários brinquedos construídos expostos (2 mil, na
verdade), um me chamou atenção de um modo especial: o Jardim Humanológico, que
apresentava em madeira, diversos animais visitando com seus filhotes, as jaulas
em que homens, separados por etnia (brancos, negros e asiáticos) estavam
expostos. É mesmo para refletir.
Mas Viveiro de Pássaros vai além
dessa temática, e fala também sobre como pequenos oprimidos podem se unir com
inteligência e persistência contra o opressor. Nesse mundo louco que vivemos,
esquecemos tantas vezes disso... perdemos a capacidade de olhar crítico, de perceber
o que nos aprisiona e as possibilidades de buscar a liberdade.
Esta semana tivemos
manifestações em São Paulo contra o aumento da tarifa de transporte público e
em Fortaleza contra a violência urbana, para citar duas que tenho mais
proximidade, e as opiniões têm se dividido. Só posso dizer que acredito que
juntos somos capazes de muito, e que a não manifestação de insatisfações é a
forma mais eficiente de permanecer nelas. E mais, acredito que as novas
gerações possam se sair melhor do que nós nessas questões, por isso me alegra
tanto ler os lindos versos de Braguinha para minha filha.
Para terminar, como fiz
com Festa no Céu, vou colocar o trechinho que foi destacado na contracapa do
livro, e que é meu favorito. Digam se não é um livro encantador?
Viveiro de pássaros,
Bonito de olhar.
Mas quanta tristeza
No alegre cantar.
Menino, nesse mundo
Existe tanta coisa boa para você brincar
Mas as asas dos passarinhos
Foram feitas para voar
Viveiro de pássaros,
Bonito de olhar.
Mas quanta tristeza
No alegre cantar.
Vejam também o texto de
Zeca Baleiro sobre o livro:
SORTEIO!!! ÚLTIMA CHAMADA!!!
Termina hoje, à meia-noite, o
prazo para concorrer ao lindo livro Onda
de Suzy Lee, no sorteio do Cachinhos Leitores. Basta deixar um comentário neste post com
seu nome, cidade e e-mail, contando como chegou ao Cachinhos Leitores. Corre lá
gente, vocês têm o dia todo para fazer isso!!! O sorteio será amanhã!
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