14 junho 2013

A revolução do pica-pau

Viveiro de Pássaros
texto: Braguinha
ilustrações: Tatiana Paiva
editora: Rocco Pequenos Leitores

Depois de Festa no Céu, tenho descoberto os ótimos livros infantis de Braguinha, e me encantado com seu jeito especial de escrever. Pela editora Rocco, com ilustrações da super talentosa Tatiana Paiva, são três títulos: Festa no Céu, Viveiro de Pássaros e Festival da Primavera (esse último eu ainda não tenho – ó que dica boa de presente pra mim? rsrs). Só de olhar as três capas já fica visível a preferência pelos pássaros que tinha o autor, que além de Braguinha, também era conhecido por João de Barros - nome de pássaro - embora tivesse como nome verdadeiro Carlos Alberto Ferreira Braga.

Viveiro de Pássaros rapidamente se tornou um dos nossos livros preferidos. Todo rimado em versinhos, o texto é envolvente e lindo, possibilitando muitas reflexões. A história se passa no viveiro de pássaros de seu Manduca, que, junto com seu filho Pinduca, caça os passarinhos e os prendem em cativeiro. E “tem patativas, tem sabiá, tem tico-tico, tem tangará, tem pintassilgo, tem curió, tem pintarroxo, tem chororó” e mais um monte de pássaros. Ah, mas um dia, Pinduca pegou um passarinho novo e diferente dos que tinham no viveiro. Seu pai bem que tentou avisar: “Pinduca, solta esse bicho! Esse pássaro não presta. É o moleque mais teimoso que existe em toda floresta. Atrapalha a cantoria, faz barulho, faz berreiro. Vai fazer desarmonia, vai acabar com o viveiro”. Mas Pinduca não deu ouvidos aos avisos do pai, e lá levou o pica-pau para junto dos outros pássaros. Ahaaa, e foi aí que tudo começou a mudar! Porque o pica-pau é mesmo um bichinho tinhoso, e tratou logo de encontrar um jeito de tirar todo mundo do cativeiro. Não vou contar o resto da história, mas posso adiantar que a passarada, ao comando do pica-pau, começou uma revolução no viveiro.

Não posso negar o quanto livros que falam sobre a liberdade dos animais me encantam. Aliás, já falei sobre isso aqui, com o maravilhoso Para Criar Passarinho de Bartolomeu Campos de Queirós, que fala com enorme delicadeza da importância da liberdade, para passarinhos e para toda a gente, e aqui, com Flop, de Laurent Cardon, que não usa uma única palavra para contar a história de um menino e seu peixinho, e do quanto o amor não combina com prisão. E isso me lembra a minha eterna dicotomia em relação aos zoológicos: amo e odeio! Amo porque é um dos únicos lugares em que posso ter e proporcionar à minha filha contato com os animais não domesticados. Odeio pelo imenso pesar que sinto ao ver um pássaro, que teria o infinito do céu, preso em uma gaiola, por maior que esta seja, ou um urso andando de um lado para outro de uma jaula. Que bicho estranho é o homem...


E por falar nas estranhezas do bicho homem, lembrei-me da exposição Brinquedos que moram nos sonhos, que encantou a todos os soteropolitanos nos primeiros meses deste ano. Dentre os vários brinquedos construídos expostos (2 mil, na verdade), um me chamou atenção de um modo especial: o Jardim Humanológico, que apresentava em madeira, diversos animais visitando com seus filhotes, as jaulas em que homens, separados por etnia (brancos, negros e asiáticos) estavam expostos. É mesmo para refletir.

 

Mas Viveiro de Pássaros vai além dessa temática, e fala também sobre como pequenos oprimidos podem se unir com inteligência e persistência contra o opressor. Nesse mundo louco que vivemos, esquecemos tantas vezes disso... perdemos a capacidade de olhar crítico, de perceber o que nos aprisiona e as possibilidades de buscar a liberdade.

Esta semana tivemos manifestações em São Paulo contra o aumento da tarifa de transporte público e em Fortaleza contra a violência urbana, para citar duas que tenho mais proximidade, e as opiniões têm se dividido. Só posso dizer que acredito que juntos somos capazes de muito, e que a não manifestação de insatisfações é a forma mais eficiente de permanecer nelas. E mais, acredito que as novas gerações possam se sair melhor do que nós nessas questões, por isso me alegra tanto ler os lindos versos de Braguinha para minha filha.

Para terminar, como fiz com Festa no Céu, vou colocar o trechinho que foi destacado na contracapa do livro, e que é meu favorito. Digam se não é um livro encantador?


 Viveiro de pássaros,
Bonito de olhar.
Mas quanta tristeza
No alegre cantar.

Menino, nesse mundo
Existe tanta coisa boa para você brincar
Mas as asas dos passarinhos
Foram feitas para voar

Viveiro de pássaros,
Bonito de olhar.
Mas quanta tristeza
No alegre cantar.

Vejam também o texto de Zeca Baleiro sobre o livro: 


SORTEIO!!! ÚLTIMA CHAMADA!!!



Termina hoje, à meia-noite, o prazo para concorrer ao lindo livro Onda de Suzy Lee, no sorteio do Cachinhos Leitores. Basta deixar um comentário neste post com seu nome, cidade e e-mail, contando como chegou ao Cachinhos Leitores. Corre lá gente, vocês têm o dia todo para fazer isso!!! O sorteio será amanhã!

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