29 setembro 2011

A história da Princesa do Reino da Pedra Fina


A história da Princesa do Reino da Pedra Fina
texto: Rosinha Campos (adaptado do cordel de Leandro G. Barros)
ilustrações: Rosinha Campos
editora: Projeto


A mesma amiga que me apresentou "Guilherme Augusto Araújo Fernandes" me apresentou também o livro que trago hoje - vejam a importância de boas amizades... A escola de sua filha desenvolveu recentemente um projeto incrível, que abordou a literatura de cordel e a xilogravura. Sabendo que eu ia me apaixonar, ela me emprestou o livro, que na verdade faz parte de uma coleção composta por três títulos.

O projeto desenvolvido por Rosinha e a Projeto Editora é fascinante. Foram selecionados três cordeis de Leandro Gomes de Barros, cordelista paraibano, que viveu de 1865 a 1918, e produziu mais de 600 folhetos com milhares de edições. Leandro é considerado "o mais importante poeta popular de todos os tempos". A Coleção Palavra Rimada com Imagem reconta estes três romances com textos curtos e lindas imagens em xilogravura. A intenção da coleção, segunda a própria Rosinha é "colocar na mão das crianças a poesia popular". Por isso, ao final de cada livro, está encartado o livreto de cordel com a versão integral e original da história.

Fiquei lembrando de quando tinha a idade de minha filha, e de como era comum, naquela época, encontrar livretos de cordel a venda em bancas de revista, arrumados em expositores plástico, ou na forma original, pendurados em cordas esticadas, presos por prendedores de roupa. Nos dias de hoje é pouco comum encontrarmos bancas de revistas nas ruas, e os cordéis, em muitas cidades, praticamente entraram em extinção. A possibilidade de minha filha ter acesso e conhecer uma expressão cultural tão importante e marcante na construção cultural da nossa sociedade, principalmente para nós, nordestinos, me deixa imensamente feliz.

Falando na minha figurinha, embora o livro seja mais indicado para os maiorzinhos (acho que a partir dos 6 ou 7 aninhos seja o ideal) ela gostou bastante do livro. A história é mais longa e cheia situações diversas,  o que geralmente cansa os pequeninos, mas é também muito atraente, com elementos que garantem o envolvimento deles, com princesas, vilão e mocinho. A história, cheia de encantamentos, fala de um corajoso rapaz, e uma princesa que com sua inteligência consegue enganar o vilão que queria mandar o rapaz ao inferno.

No final do livro existem duas sessões, uma sobre a literatura de cordel e o cordelista Leandro Barros e outra sobre a técnica da xilogravura, onde Rosinha reune informações muito interessantes. Tirei de lá os trechos que destaco abaixo.

Cordel: 
"Formato pequeno, resultado da dobra em quatro do papel tamanho ofício, poucas páginas e papel barato". 

"No Brasil a literatura de folheto cria características próprias quando herda os versos da tradição oral, dos nossos violeiros e repentistas, em forma de poesia, linguagem que favorece a memorização por meio das rimas, do ritmo, das repetições e da musicalidade. Os versos mais usuais são as redondilhas, que se assemelham a cantigas de roda."

"Em geral, o folheto é escrito em versos setissílabos ou decassílabos, com estrofes que variam entre seis, sete e dez versos. Deve seguir um esquema fixo de rimas e apresentar um conteúdo claro e linear. Os romances são geralmente escritos em sextilhas, com rimas ABCBDB.
Daqui a cinquenta léguas   A
Existe um grande reinado   B
Que passou mais de cem anos  C
Sendo o povo devorado  B
Por um monstro horrendo e feio   D
Misterioso encantado   B"

"O folheto impresso no Brasil mais antigo de que se tem registro é "Saudade do Sertão", de autoria de Francisco das Chagas Batista, de 1902."

Xilogravura:  

"Palavra composta pelos termos gregos xylon (madeira) e graphien (escrever), significa escrever ou gravar tendo a madeira como matriz. A técnica consiste em talhar na madeira o desenho ou texto que se deseja reproduzir. Entinta-se a superfície que ficou em relevo e, em seguida, é prensado o papel ou outro suporte. No Nordeste, a madeira tradicionalmente utilizada pe a umburana, assim como o cedro, a cerejeira, o pinhyo e a cajá."

"O registro mais antigo de xilogravura em cordel é no folheto "A história de Antonio Silvino", do poeta Francisco das Chagas Batista, em 1907, e não foi impressa na capa, mas no seu interior"

Aviso Importante: por indicação da leitora Ana Paula, gostaria de divulgar o projeto Ler faz crescer do Itaú. Para participar e receber pelo correio a Coleção de livros infantis disponibilizada pelo projeto basta fazer seu cadastro no site http://www.itau.com.br/itaucrianca/

PS: viagem a trabalho e o post da semana atrasado... vou tentando regularizar nossa programação normal.

Um comentário:

  1. Mil,
    Parabéns pelo post!

    A Coleção PALAVRA RIMADA
    (A história da princesa do Reino
    da Pedra Fina/A história de Juvenal
    e o dragão e A história da garça
    encantada) recebeu, no início de 2011,
    um prêmio da Fundação Nacional do Livro
    Infantil e Juvenil - CATEGORIA RECONTO.

    Premiação merecida. Rosinha, além de
    resgatar e recontar as histórias do
    cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros,ilustrou os livros da coleção
    utilizando a xilogravura. Realmente,
    este projeto é o máximo.Achei genial
    a ideia de colocar encartado no final
    do livro a revista de cordel com a
    versão integral e original da história.


    Mil, Obrigada por compartilhar.
    O projeto Ler faz Crescer do Itaú
    também é o máximo. Já fiz meu
    cadastro.

    bjs
    Cristina Sá do blog:
    http://cristinasaliteraturainfantil
    ejuvenil.blogspot.com

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