12 dezembro 2013

Agora assine...


O ponto
texto e ilustrações: Peter H. Reynolds
tradução: Monica Stahel
editora: Martins Fontes


Letícia adora desenhar, pintar, colar e cortar desde sempre. É sem dúvidas a brincadeira preferida dela, aquela que ela nunca se cansa. Lembro de quando aos 2 anos ela pediu uma cola bastão ao papai noel - na época ela chamava de "cola igual da minha pró". E é também a brincadeira que eu mais libero, aquela que mesmo cansada, mesmo sabendo que vou ficar muito tempo depois da pequena dormir limpando, não consigo dizer não (exceção para uso de tinta nas noites que antecedem dias úteis, que eu sou doida mas tenho juízo). E é um tal de guardar papel de presente, embalagens mil, fitinhas, botões, tecidos. Cola bastão e durex são coisas que tenho que esconder o que quero usar para garantir ter quando precisar rsrsrs A porta do seu quarto é colada de cima a baixo com artes suas e dos amigos mais próximos. Há alguns meses, separei as artes em papel mais queridas e arrumei em uma pasta catálogo (aquela com sacos plásticos) - ficou lindo. Adoro, apesar da sensação de caos que fica.

E desde sempre procuro não tolher suas iniciativas por motivos estéticos. Interfiro o mínimo possível, na verdade. Não lembro mais onde eu li ou ouvi, quando Let ainda era uma bebezinha, sobre a importância de permitir à criança, principalmente em seus primeiros anos, expressar sua criatividade e suas emoções na arte da forma que quiserem. E mesmo esteticamente não muito aceitável, incentivamos e utilizamos sempre que possível. Aliás, o seu micro-bolinho de aniversário na escola, feito em novembro, teve aranhas, seu nome e idade, feitos por ela, espetados no bolo (reparem no seu nome, com aranhinhas nos pingos dos is). 


E eu tinha que fazer essa introdução para falar do livro O ponto que me encantou desde o primeiro dia que o vi. Com traços simples e expressivos, utilizando cores primárias para expressar os sentimentos dos personagens, a história fala de quando Vashti deixa seu papel em branco até o final da aula de artes. Ela não sabe desenhar!!! Mas a professora de Vashti, com imensa habilidade (e como é importante ter educadores com esta habilidade), consegue fazer a menina deixar a sua marca, e depois pede: "agora assine". Vashti achou tudo aquilo uma grande bobagem, afinal, ela tinha feito apenas um ponto com caneta. Mas, na semana seguinte, era o ponto de Vashti que estava emoldurado sobre a mesa da professora.

Hummmm, Vashti conseguia fazer um ponto melhor que aquele, e fez! Muitos! Pontos amarelos, verdes, vermelhos e azuis. Pontos pequenos, grandes, enormes, e até um ponto sem pintar. E assim, a menina que não sabia desenhar, descobre uma forma inusitada de expressar-se artisticamente, e motivar outras crianças.

Adoro este livro porque ele me lembra o quanto é importante para qualquer um ter uma expressão artística. Eu, que já repeti no passado tantas vezes: "tenho duas mãos esquerdas", na gravidez descobri que poderia dar vazão a minha criatividade com arte, começando pelo enxoval da filhota, e seguindo por uma porção de outras coisas, principalmente nos seus aniversários. Queria ter sido mais estimulada na infância a deixar minha marca e assiná-la... demorei a perceber que poderia fazer isso. Tento acertar com a filhota.

Por fim, alguns dos últimos desenhos que ela fez, dos personagens de Caillou: Gilbert, Caillou e Rosie, copiados de imagens da internet, recortados e colados com cola bastão rsrsrs