12 dezembro 2013

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O ponto
texto e ilustrações: Peter H. Reynolds
tradução: Monica Stahel
editora: Martins Fontes


Letícia adora desenhar, pintar, colar e cortar desde sempre. É sem dúvidas a brincadeira preferida dela, aquela que ela nunca se cansa. Lembro de quando aos 2 anos ela pediu uma cola bastão ao papai noel - na época ela chamava de "cola igual da minha pró". E é também a brincadeira que eu mais libero, aquela que mesmo cansada, mesmo sabendo que vou ficar muito tempo depois da pequena dormir limpando, não consigo dizer não (exceção para uso de tinta nas noites que antecedem dias úteis, que eu sou doida mas tenho juízo). E é um tal de guardar papel de presente, embalagens mil, fitinhas, botões, tecidos. Cola bastão e durex são coisas que tenho que esconder o que quero usar para garantir ter quando precisar rsrsrs A porta do seu quarto é colada de cima a baixo com artes suas e dos amigos mais próximos. Há alguns meses, separei as artes em papel mais queridas e arrumei em uma pasta catálogo (aquela com sacos plásticos) - ficou lindo. Adoro, apesar da sensação de caos que fica.

E desde sempre procuro não tolher suas iniciativas por motivos estéticos. Interfiro o mínimo possível, na verdade. Não lembro mais onde eu li ou ouvi, quando Let ainda era uma bebezinha, sobre a importância de permitir à criança, principalmente em seus primeiros anos, expressar sua criatividade e suas emoções na arte da forma que quiserem. E mesmo esteticamente não muito aceitável, incentivamos e utilizamos sempre que possível. Aliás, o seu micro-bolinho de aniversário na escola, feito em novembro, teve aranhas, seu nome e idade, feitos por ela, espetados no bolo (reparem no seu nome, com aranhinhas nos pingos dos is). 


E eu tinha que fazer essa introdução para falar do livro O ponto que me encantou desde o primeiro dia que o vi. Com traços simples e expressivos, utilizando cores primárias para expressar os sentimentos dos personagens, a história fala de quando Vashti deixa seu papel em branco até o final da aula de artes. Ela não sabe desenhar!!! Mas a professora de Vashti, com imensa habilidade (e como é importante ter educadores com esta habilidade), consegue fazer a menina deixar a sua marca, e depois pede: "agora assine". Vashti achou tudo aquilo uma grande bobagem, afinal, ela tinha feito apenas um ponto com caneta. Mas, na semana seguinte, era o ponto de Vashti que estava emoldurado sobre a mesa da professora.

Hummmm, Vashti conseguia fazer um ponto melhor que aquele, e fez! Muitos! Pontos amarelos, verdes, vermelhos e azuis. Pontos pequenos, grandes, enormes, e até um ponto sem pintar. E assim, a menina que não sabia desenhar, descobre uma forma inusitada de expressar-se artisticamente, e motivar outras crianças.

Adoro este livro porque ele me lembra o quanto é importante para qualquer um ter uma expressão artística. Eu, que já repeti no passado tantas vezes: "tenho duas mãos esquerdas", na gravidez descobri que poderia dar vazão a minha criatividade com arte, começando pelo enxoval da filhota, e seguindo por uma porção de outras coisas, principalmente nos seus aniversários. Queria ter sido mais estimulada na infância a deixar minha marca e assiná-la... demorei a perceber que poderia fazer isso. Tento acertar com a filhota.

Por fim, alguns dos últimos desenhos que ela fez, dos personagens de Caillou: Gilbert, Caillou e Rosie, copiados de imagens da internet, recortados e colados com cola bastão rsrsrs



25 novembro 2013

Menino faz futsal! Menina faz GR!

O rei da sola
texto: Márcia Frazão
ilustrações: Mariana Massarani
editora: Cosac Naify


O livro de hoje tornou-se imediatamente um dos favoritos de Letícia logo que chegou às suas mãos. E ela pediu para relê-lo infinitas vezes. E é claro, tem uma história por trás.

Ela, que frequenta creche desde os quatro meses e meio, desde que fez 1 aninho teve aulas de capoeira (sim, na Bahia é assim). Aos 2 anos começou a pedir incessantemente para ter aulas de balé, influenciada pela coleguinhas que saiam da escola de coque, tutu e sapatilha para as tais aulas. Não começou logo porque ainda não tinha idade, depois foi o nosso bolso o impeditivo, até que aos 4 anos começou as aulas e as frequentou até final do ano passado, quando ela mesma pediu para sair. Aí veio a escola nova, que inclui natação no horário normal da aula – e ela adora. E no contraturno, me foi dito durante a pré-matrícula, ela teria direito a mais um esporte a escolher: futsal ou ginástica rítmica (GR). Perguntei a ela o que preferia e a resposta foi imediata: futsal! E na semana seguinte: GR. E na seguinte a seguinte: futsal. Ainda era agosto, então decidimos que, quando as aulas começassem, ela faria uma aula de cada e decidiria.

Entretanto, na matrícula, em dezembro, fui informada por uma funcionária da escola que não havia o que escolher: menino faz futsal, menina faz GR. Exatamente assim. Fiquei revoltada, acima de tudo porque, a escola que escolhi com tanto cuidado e por tantos meses, tinha um posicionamento claramente sexista em relação aos esportes – aliás, até onde esse posicionamento se estendia??? Mas ao iniciar as aulas, a filha parecia decidida a fazer GR, achei melhor deixar para conversar com a escola em outro momento. Com quase dois meses de aula, juntei este a outros assuntos e marquei um horário com a direção. Alguns dias antes do dia marcado, o seguinte diálogo se estabeleceu:

- Mamãe, eu posso fazer futsal?
- Pode sim filha. (falei, sem nem pensar duas vezes)
- Então eu quero fazer futsal!
- Mas filha, se você for fazer futsal, terá que sair do GR. Você quer sair do GR?
- Quero. Não tem problema sair do GR.
- Você não gosta de fazer GR?
- Gosto. Mas gosto mais de jogar futebol.

Pronto, fui conversar com a diretora. Na verdade, eu achava que tudo não passava de um mal entendido, afinal, havia sido a vice-diretora quem tinha me dada a informação da possibilidade de escolha dos esportes. Mas não, a diretora confirmou a informação: menino faz futsal, menina faz GR. Simples assim. Perguntei o porquê e a resposta foi: “já tivemos meninas jogando futsal aqui, mas os meninos são muito truculentos e as meninas sempre se machucavam. O futebol é um esporte de muito contato, por isso restringimos, e hoje só os meninos fazem futsal”. Indignada não define bem a sensação que tive naquele momento. Fiquei arrasada. Mas saí da sala com a promessa de uma avaliação do assunto com a equipe de esporte e uma resposta breve... que não veio, mesmo depois de semanas.

Pus as mãos a obra, e busquei literaturas que abordassem o assunto. Pensava talvez num artigo científico, mas achei algo muito melhor: o capítulo 7 dos “Parâmetros Curriculares Nacionais” elaborado pela Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação – MEC, que dedica-se exclusivamente à Educação Física nas quatro primeiras séries da Educação Fundamental. O documento, que se destina aos professores da área, deve ser norteador para a prática do ensino da educação física entre crianças do ensino fundamental do país. E ele claramente incentiva a prática mistas (meninos e meninas) de esportes, destacando inclusive o futebol, como forma de desincentivo ao sexismo. Fiz uma carta à escola incluindo alguns trechos do documento do MEC, trechos que transcrevo ao final deste post. Ao final da carta, incluí ainda a lista de algumas instituições de ensino e/ou esporte que oferecem aulas mistas de futsal para a faixa etária de minha filha em nossa cidade. A carta foi entregue com cópia à direção, à coordenação de esportes e aos professores de futsal.

Várias semanas se passaram e a resposta continuava não vindo. Apenas quando decidi tirar minha filha do GR e matriculá-la na escolinha de futsal de um clube próximo de casa, a resposta veio. Encurtando a história, ela está fazendo futsal há alguns meses na escola e tem adorado. Os meninos estranharam, e ela ouviu coisas como “Eca, menina fazendo futsal?!?!” ou “Meninas não sabem jogar futebol, meninas só sabem dançar balé”, mas tem driblado bem estas questões. Não é uma exímia jogadora, mas nem ela, nem nós, estamos preocupados com isso. Como aprendi com o próprio documento do MEC e conversando com profissionais da área, ela está na fase de experimentar, buscar novas possibilidades, e a última coisa que precisa agora é que digam que ela não pode fazer algo, principalmente por ser menina.

Aliás, um dia, depois de perguntar várias vezes quando poderia começar o futsal, ela me perguntou se demoraria tanto se fosse um menino, e ao ouvir de mim a resposta sincera de que não, não demoraria tanto, que estava demorando porque ela era a primeira menina e a escola ainda estava avaliando como recebê-la (quanta baboseira a gente é obrigada a dizer a um filho...) ela desabafou “mamãe, eu queria ser menino. Ser menina é muito chato, a gente não pode fazer um monte de coisas!”. Pfff... E acho que foi por tudo isso que ela gostou tanto de O Rei da Sola. O livro conta a história de Claudinha, a artilheira do time de futebol da rua do Sobe e Não Desce. É que dias antes da grande final do campeonato, a sola do tênis de Claudinha descolou, e ficou igual boca de jacaré. Ah, mas aquele não era um tênis qualquer, era o tênis amarelo de Claudinha, seu tênis da sorte, que a ajudava a fazer tantos dribles perfeitos. Decididos a salvar o time, Claudinha e seus amigos procuram a bruxa Vitalina e o grandioso Rei da Sola para resolver aquele problema.

O que tem de especial nessa história? O time de Claudinha é formado por meninos e meninas, e em nenhum momento isso é tratado como um tabu. Meninas e meninos jogam juntos e isso é só. Simples assim. Mais que isso, a principal jogadora do time é Claudinha, uma menina, e a possibilidade da melhor jogadora não jogar com seu tênis da sorte mexe com todos do time, inclusive os meninos. Um livro fantástico, que trata a igualdade de gênero como algo tão corriqueiro e normal que não tem como as crianças não se encantarem.

Para finalizar, seguem alguns trechos do documento do MEC mencionado acima, com algumas considerações minhas:

Em sua página 33 o documento lista os objetivos gerais de educação física no ensino fundamental, e os dois primeiros são: “participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais” e “adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência”.

Na página 25, o documento expõe explicitamente sua recomendação pela formação de equipes mistas nas aulas de educação física: “No que tange à questão do gênero, as aulas mistas de Educação Física podem dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir estereotipadamente relações sociais autoritárias”.

Já nas páginas 58 a 63, o documento trata de orientações gerais para o ensino da educação física, destinando a segunda para “Diferenças entre meninos e meninas”, que inicia-se com o seguinte parágrafo: “Particularmente no que diz respeito às diferenças entre as competências de meninos e meninas deve-se ter um cuidado especial. Muitas dessas diferenças são determinadas social e culturalmente e decorrem, para além das vivências anteriores de cada aluno, de preconceitos e comportamentos estereotipados. As habilidades com a bola, por exemplo, um dos objetos centrais da cultura lúdica, estabelecem-se com a possibilidade de prática e experiência com esse material. Socialmente essa prática é mais proporcionada aos meninos que, portanto, desenvolvem-se mais do que meninas e, assim, brincar com bola se transforma em “brincadeira de menino”.” O documento também diz em sua pág. 52: “Se tiver havido um trabalho para diminuir as diferenças entre as competências de meninos e meninas no primeiro ciclo[1], o desempenho será quantitativamente mais semelhante. Nesse momento, também, as crianças estão mais cientes das diferenças entre os sexos; portanto, há que se tomar cuidado em relação às estereotipias, principalmente no que se refere aos tipos de movimento tradicionalmente considerados”.




[1] Segundo o documento, o primeiro ciclo do ensino fundamental vai até o 3º ano deste.

17 novembro 2013

Época de mudanças e um programa russo...


A vida é cheia de surpresas e mudanças, a maioria acontecendo em momentos diferentes. Mas de vez em quando ela resolve juntar uma porção de surpresas e mudanças para um mesmo momento. Foi o que aconteceu comigo nas últimas semanas. Nada muito radical, mas pequenas mudanças que juntas me tiraram do chão, por assim dizer. Algumas mudanças dentro de mim, outras do lado de fora. Algumas mudanças no trabalho, outras em casa. Algumas mudanças boas e outras nem tanto. Mas o tumulto está passando, e está ficando uma sensação boa de que quando as coisas se reajustarem, vai ser tudo muito melhor do que era antes!

Estou cheia de livros e coisas para contar aqui, mas antes queria fazer esse post assim, bem leve e descontraído, corrigindo um descompasso que causei no blog: não tenho nenhum post na sessão O que os cachinhos assistem! E temos visto tanta coisa boa... elas virão depois, mas hoje quero dividir com vocês a nossa mais nova descoberta. Descoberta feita pela filhota, diga-se de passagem.

Ela adora o youtube, principalmente pela possibilidade de ver seus programas favoritos seguidas vezes e no horário que desejar. Mas eu me preocupo muito com seu acesso não acompanhado a esse site... agora que ela já lê e escreve, adora fazer buscas no youtube por palavras-chaves, mas uma palavra-chave, como se sabe, pode levar a conteúdos bem distintos na internet... Por isso procuro supervisionar bem de perto quando ela está navegando no youtube. Bom, apesar disso, só vi A Menina e o Urso quando a pequena já tinha assistido vários episódios e estava irremediavelmente apaixonada. Tive sorte – ufa!!! – foi uma ótima descoberta.

Маша и Медведь, ou Masha e o Urso, é um desenho russo sensacional, que conta as aventuras de um urso enorme e amoroso, e uma menininha do tipo mais apimentado que há. Ela sempre se mete em confusões ou arranja problemas para o amigo urso resolver... mas tudo bem, eles se adoram, e apesar de todos os problemas que a menina arranja eles são mesmo ótimos amigos. Um programa absolutamente fofo e divertido, que deve agradar a todos.

Os episódios não são traduzidos para o português, mas têm tão poucas falas, que não há qualquer dificuldade em se acompanhar seu desenrolar. Aliás, assistir vídeos em outras línguas tem sido uma constante pra Letícia. Ela quer assistir um programa, digita na busca, e aparecem episódios em inglês, espanhol, croata ou chinês??? What´s the problem??? Ela assiste assim mesmo. E isso sempre me deixa pensando em como essa nova geração está mesmo anos luz da minha... na sua idade, e mesmo bem mais velha que ela, nunca tive esse tipo de estímulo, de ouvir línguas diversas (no máximo as músicas em inglês que eventualmente ouvia no rádio rsrsrs). 

O episódio abaixo foi o primeiro que assisti, e o meu favorito. Quando vi a primeira vez fiquei pensando que era uma pena não ter tradução para o português, mas depois percebi o quanto é legal assisti-lo assim, no original. Tem vários episódios disponíveis, e sabe, adorei toooodos!


05 outubro 2013

Criança, consumismo e troca - parte 2

O giz vermelho
texto: Iris van der Heide
ilustrações: Marije Tolman
tradutora: Monica Stahel
editora: Martins Fontes

"Sara esta aborrecida. Queria desenhar no chão, com giz vermelho, mas a calçada era muito irregular. Todos os seus desenhos davam errado. Já ia jogar o giz fora quando viu Tim do outro lado da rua. Ele estava brincando com suas bolas de gude. "Deve ser divertido", Sara pensou."

É assim que começa O giz vermelho, um livro que conheci numa compra "às cegas" de uma mega promoção em uma loja on line. Havia me apaixonado pela sinopse, que parecia refletir exatamente a ideia da Troca de Brinquedos. E o livro não decepcionou. É que Sara tenta resolver seu tédio propondo a Tim uma troca: seu giz vermelho pelas bolas de gude de Tim. "É um giz mágico. Tudo que você desenha com ele cria vida." E Tim na mesma hora desenhou um dragão - veja a ilustração:

imagem tirada daqui (blog Imensa Vida) 

Pois é, para Tim o giz é mesmo mágico, e seu dragão ganha vida! Mas logo Sara fica insatisfeita com as bolas de gude também - "Não tem graça nenhuma." A solução? Novas trocas! E as bolas de gude sem graça viram pérolas do mar na mão de Sam, e a flauta desafinada, faz todos os ratos da cidade seguirem Ben. Mas Sara continua trocando, porque ela não consegue perceber que o que faz um brinquedo especial não está no brinquedo, mas no significado que damos a ele. O brinquedo sem a pitada da criatividade e da imaginação, não garante diversão alguma. Na verdade, o brinquedo, assim como o livro, é tão somente um instrumento. É o BRINCAR, o SENTIR, o SONHAR e o IMAGINAR que fazem a brincadeira.

No final do livro, e de tantas trocas, adivinha qual o último brinquedo que Sara trocou??? Pois é, o seu giz vermelho, que tinha virado uma amarelinha na mão de Ben. Só então Sara percebe que especial mesmo é brincar junto com seus amigos.

imagem tirada daqui (blog Imensa Vida)

Hoje nós realizamos a terceira Feira de Troca de Brinquedos e Livros de Salvador, e a imensa alegria se repetiu. O Palacete das Artes é um lugar lindo, acolhedor e onde se respira cultura. Novamente, foi simplesmente mágico ver as crianças interagindo, negociando, trocando, sorrindo, brincando, e às vezes chorando. Tudo é aprendizado. Letícia, que nunca tinha tido problemas em suas trocas, hoje chateou-se pela primeira vez e chorou: queria um trenzinho, e quando a troca já estava quase estabelecida, uma outra criança fez uma oferta que agradou mais e levou seu objeto de desejo. Ficou chateada, chorosa, mas logo aceitou que não se pode controlar tudo, e saiu de lá muito feliz com suas trocas.

Para ver mais fotos clique aqui.

E você, já pensou em organizar uma feira de troca? Não precisa ser nada grandioso - basta ver as fotos das feiras de troca entre primos que organizamos na minha família. Então, por que não entre as crianças do prédio? Ou da sala de aula do seu filho? Que tal propor uma feira de troca na escola? Na sua igreja? Entre as crianças que frequentam a pracinha ou o parque? Entre os primos? As possibilidades são infinitas! Cada grupo pode fazer suas próprias regras. O importante é que as crianças estabeleçam o valor de cada brinquedo e livro sem usar a lógica monetária, e tenham liberdade para estabelecer suas negociações. Garanto que será gratificante.


03 outubro 2013

Criança, consumismo e troca - parte 1


Há alguns anos, fiz uma viagem à Irecê, no semiárido baiano, como parte de uma disciplina do mestrado. Em dupla deveríamos escolher uma propriedade de agricultura familiar, entrevistar seus proprietários e desenvolver uma análise de viabilidade das mesmas. Eu e um colega escolhemos a propriedade de um senhorzinho que era uma simpatia, e foi mesmo uma ótima escolha. Logo no primeiro dia, estávamos os três em frente à casa da família, onde havia, além do banco de madeira em que sentamos, uma árvore e sob esta, uma montanha de ramas de cenoura. Assim como a maioria dos agricultores da redondeza, ele se dedicava ao plantio de cenoura e beterraba. Lá pelas tantas, o colega perguntou o que ele faria com tanta rama. Ele respondeu: “ah, usamos pra alimentar os animais. Vou distribuir com meus vizinhos” O colega falou, meio assustado com tal resposta, que ele deveria vender as ramas - já que todos usavam poderia ser uma boa fonte de renda extra. O velhinho riu gostoso e respondeu: “Meu filho, eu não vendo porque semana passada foi o meu vizinho quem fez sua colheita e dividiu suas ramas comigo e com os outros. E na semana que vem será o outro vizinho que fará o mesmo. Assim, os animais de todos têm o que comer”.

Nunca esqueci esse episódio, que provavelmente me trouxe a principal lição de toda a viagem. O contei algumas vezes em sala de aula, quando era professora, ao falar do surgimento do modo de produção capitalista. Sempre achei essa uma ótima forma de mostrar como o modo de pensar capitalista não é único, nem mesmo nos dias de hoje. Já tinha tempo que não lembrava dessa história, mas a proximidade do dia das crianças me fez relembrá-la.


Todo ano é a mesma coisa. Antes mesmo de começar outubro, o comércio e a publicidade voltados ao consumo infantil estão em polvorosa.  Os canais de TV, abertos e fechados, desfilam propagandas com toda sorte de produtos para “alegrar o dia da garotada”. As lojas de venda on line não param de enviar e-mails com oferta de produtos e tentadoras promoções. Outdoors, plotagens em ônibus, publicidades em revistas, redes sociais e até em escolas (oi?) fazem questão de lembrar o quanto um presente no dia das crianças é importante para a felicidade do pequeno – UM presente para quem compra, porque é claro que a criança deve receber presente dos pais, dos tios, dindos, avós, amigos, etc. De que outra forma ela terá certeza do quanto é amada??? E no meio de tudo isso estão as crianças, bombardeadas e alucinadas com as promessas de felicidade e atenção que os famosos “presentes de dia das crianças” trarão. Pffff... Que desânimo isso me dá.

O desânimo é principalmente porque a maioria dos adultos está tão absorto por esta história que realmente acredita que será o presente no dia das crianças que fará a alegria do seu filho, e como todo pai/mãe deseja a alegria de seu filho, o tal presente torna-se, evidentemente, imprescindível. Não estou levantando aqui uma bandeira contra “presentes de dia das crianças”, mas trazendo a reflexão do que realmente isso significa. Será mesmo que para o dia dedicado às nossas crianças tornar-se especial e para que eles se sintam amados é preciso que ganhem presentes, de preferência caros e rapidamente “esquecíveis” como prega a mídia? Acho que nossa sociedade há muito perdeu a noção do que é realmente importante nas relações pessoais, e junto perdeu o bom senso em relação ao como e quanto consumir.


Desde o ano passado estou envolvida com dois movimentos que são muito importantes para mim: o Infância Livre do Consumismo (veja aqui e aqui), que este ano está com uma campanha belíssima em prol de um dia das crianças sem consumismo (ilustrada pela queridíssima Lu Azevedo) e a Feira de Troca de Brinquedos e Livros deSalvador – que terá sua terceira edição no próximo sábado, 05 de outubro, no Palacete das Artes no bairro da Graça. Esses movimentos me trouxeram excelentes reflexões sobre o tema, em especial a feira de troca, que me proporcionou vivenciar uma experiência de dia das crianças não consumista.


A ideia é tão simples quanto genial: as crianças e suas família se reúnem no local escolhido e levam aqueles brinquedos e livros que, embora não estejam mais em uso, possam ser usados por outras crianças. Chegando à feira, escolhem um espaço e expõem o que levaram, analisando também o que o interessa entre o exposto por outras crianças. Quando uma criança encontra um objeto que deseja obter, procura seu atual dono com o que tem a oferecer e a negociação se inicia - e nessa etapa é muito importante que a intervenção adulta seja mínima. O importante é que cada criança atribua aos objetos um valor simbólico, não monetário - assim, um brinquedo eletrônico caro pode ser trocado por um quebra-cabeça e deixar duas crianças felizes (eu vi isso acontecer). Se a troca agradar ambos os lados, se estabelece. Se não, cada um terá que procurar outra negociação.

Lembro de quando organizamos a primeira feira e do medo de como se dariam estas negociações, qual seria o nível de frustração das crianças com as trocas não estabelecidas. O aprendizado foi enorme, de forma resumida a experiência mostrou que:

- como em outros aspectos, subestimamos a capacidade de compreensão das crianças. Embora tenha havido um ou outro episódio de frustração manifestada por choro e revolta, foram raríssimos os casos de crianças que voltaram para casa insatisfeitas. Na grande maioria dos casos, em algum momento da feira, elas encontraram outra oportunidade de troca que se efetivou e saíram satisfeitíssimas;

- os maiores conflitos ocorreram quando o adulto interferiu mais do que deveria (colocando seus interesses pessoais acima dos da criança). Não tenho dúvida, a maior dificuldade de internalizar a proposta da feira é do adulto, que tende muitas vezes em comparar monetariamente os objetos;

- a experiência traz para as crianças lições preciosíssimas: desapego, capacidade de negociação e de lidar com a frustração, e principalmente: que a diversão de um brinquedo não está no fato dele ser novo, ou caro, ou badalado, mas no sentido que você atribui a ele!

- o brinquedo não é necessário para fazer as crianças se divertirem e interagirem (bom, muitas vezes até atrapalha a interação). Várias atividades bacanas são marcadas junto com a feira, e muitas vezes o que vemos são brinquedos largados de lado e crianças sendo felizes juntas!

Ah, e sabe o que foi mais legal? Repliquei a experiência na minha família, e já fizemos duas feiras de troca entre primos. Marcamos numa pracinha, levamos comidinhas para um piquenique, depois fazemos as trocas das crianças e no final a troca dos adultos - pois é, adultos também trocam! Já troquei vestido, bolsa, brinco, colar, maquiagem rsrsrs E quem não tem algo que comprou, usou e enjoou, ou até enjoou antes de usar? Garanto que é uma experiência única, muito rica e muito divertida.


O dia das crianças pode sim ser comemorado com alegria e diversão sem precisar da interferência do consumismo. Pense nisso. Amanhã volto com a segunda parte do post e um livro maravilhoso.

23 setembro 2013

O desejo de crescer e a sabedoria africana.


As tranças de Bintou
texto: Sylviane A. Diouf
ilustrações: Shane W. Evans
tradução: Charles Cosac
editora: Cosac Naify

Cheguei ao livro de hoje de uma forma deliciosa que não posso deixar de contar: no início de junho fomos a uma grande livraria para eu retirar uma compra que havia feito na internet. Enquanto me esperavam, Thiago e Letícia se esparramaram nas almofadas com alguns livros escolhidos. Quando os encontrei, ele lia As tranças de Bintou, que eu ainda não conhecia, para a filhota que estava no seu colo. Cheguei de mansinho, com medo de atrapalhar o encanto daquele momento, e sentei ao seu lado para aproveitar da leitura também. Encanto realmente era a palavra! O livro é lindo, emocionante, envolvente. Quis levá-lo naquele mesmo instante, mas o lampejo de controle que ainda tenho em relação aos livros me segurou, e ele apenas entrou na minha longa lista de desejos (ou em quarentena, como gosto de dizer). Pois bem, preciso dizer que já há muitos anos decidimos não nos presentear com presentes comprados no dia dos namorados, e geralmente comemoramos com um jantar feito por mim (adooooro) ou alguma programação especial (não necessariamente no dia 12, afinal queremos nos divertir, não estressar). Mas neste dia 12, Thiago me surpreendeu e emocionou com um pequeno embrulho onde estava As tranças de Bintou... os melhores presentes são sempre assim, precedidos de um contexto que os torna especiais.

A história do livro foi criada pela filha de um senegalês e uma francesa, e claramente se inspira nas histórias e lendas africanas. Bintou é uma menina que deseja crescer e deixar de ser criança, porque sonha em ter tranças. Em sua comunidade, as crianças não podem ter tranças, por isso Bintou tem apenas 4 birotes na cabeça. Ela sonha que já é grande, como sua irmã Fatou, e tem lindas tranças como as dela, e quando balança a cabeça, o Sol a segue, e ela brilha como uma rainha. Mas, apesar de ser tão pequena, Bintou tem um enorme coração e é muito corajosa, e por isso um dia conquista o direito de ter tranças, mesmo sendo uma criança... mas sua avó, Soukeye, a mostra como seus birotes podem ser especiais. Bintou é uma menina com quatro lindos birotes na cabeça, o sol a segue e ela está feliz.



Entretanto, o mais especial dessa história está no motivo da comunidade de Bintou não permitir que as crianças usem tranças. É a vovó Soukeye quem conta a Bintou: "Há muito tempo, existiu uma menina chamada Coumba que só pensava no quanto era bonita. ... Todos a invejavam, e ela foi se tornando uma menina vaidosa e egoísta. Foi nessa época, e por isso, que as mães decidiram que as crianças não usariam tranças, só birotes, porque assim elas ficariam mais interessadas em fazer amigos, brincar e aprender."

Ah, a sabedoria africana... "fazer amigos, brincar e aprender" deveria mesmo ser as únicas preocupações e interesses de uma criança. Mas tenho ficado cada dia mais espantada com a forma como nossas meninas estão sendo adultizadas - e cada vez mais cedo. Meninas de 3 anos de unhas pintadas, salto alto e maquiagem! Aliás, quem é mãe de menina sabe a dificuldade que é comprar sandália sem salto para números a partir do 28. 28! A maioria das meninas calça 28 por volta dos 5 anos de idade! Nem vou falar dos malefícios de saltos para quem está com o corpo em formação ou dos riscos da maquiagem, entre eles o uso de metais pesados - isso é o óbvio, alardeado para quem estiver interessado. Queria falar nos prejuízos de ter nossas meninas privadas das delícias da infância, sensualizadas e adultizadas. As crianças são curiosas, querem entender e descobrir o mundo adulto, o que é normal e saudável. Para isso usam o faz de conta, a fantasia. Mas uma criança de 4 anos usar maquiagem diariamente para ir à escola ou roupas sensuais e pouco confortáveis em festinhas de aniversário, pouco ou nada tem de fantasia e faz de conta, ao meu ver.

Porque queremos apressar a vida das nossas crianças? Porque queremos encurtar o tempo que têm para ser apenas... crianças? Esse tempo é único, e vai passar rápido, porque privar nossas meninas de vivê-lo plenamente? Vamos fazer essa reflexão?

01 setembro 2013

Livro para assistir... ou filme para ler


Kinocaixa - 5 livros de bolso
texto e imagens: Mariana Zanetti
editora: Hedra

O que leva um blog a ficar abandonado por seu dono? Sei que as respostas são múltiplas, mas para mim, ela é geralmente: um post/assunto que engasga. Engasguei com um post que nem sei se ou quando vem pra cá. Não consegui escrevê-lo como tinha planejado e não consegui buscar outro livro/assunto. Pffff... Mas essa não é a única explicação. Algumas coisas roubaram minha atenção, mudanças simples mas intensas alteraram minha rotina, e estou reaprendendo algumas coisas que até pensava que sabia. Algumas decisões foram tomadas diante de tudo, e uma das principais foi: reduzir o tempo em frente às telas. A redução começou recentemente e já estou espantando com o tempo que "ganhei". Apenas uma exceção: meu Cachinhos Leitores. Por isso retorno hoje cheia de gás e livros lindos e interessantes.  

Bom, mas o tal engasgo foi quebrado na última quinta com a chegada de um livro que tinha encomendado há alguns dias e esquentou meu coração de verdade. Conheci o Kinocaixa há uns 2 anos, numa biblioteca pública infantil da minha cidade, e desde então ele entrou na minha lista de comprar. Mas nunca o achava em livrarias, só para encomenda, e o tempo foi passando, e cheguei a esquecer dele. Até que há alguns dias, revisitando minha lista, resolvi fazer uma busca por ele na internet, e percebi que dos meus sites de confiança, apenas um (o da livraria física que tem teatro em todas as suas unidades) ainda tinha o item. Comprei na mesma hora. E ele chegou quinta, inusitado como eu ainda lembrava dele! Uma caixinha pequena com cinco mini-livros, uns mais gordinhos que outros, mas todos guardando surpresas deliciosas: Lá vai o trem, Chuva de Verão, Viagem à Lua, Em São Paulo e Vida Besta.


Mariana Zanetti deu vida aos kinolivros com carimbos, em preto e branco. Os flipbooks contam uma história com suas imagens, e trazem um comentário sobre ela nas páginas de verso. Uma brincadeira deliciosa!

Vida Besta. "Será o tédio dos peixes igual ao tédio da gente?"


Os livros estão no youtube. Este é o meu favorito (uma bicicleta passando calmamente entre o engarrafado e alucinado trânsito de São Paulo) , mas todos os cinco têm vídeos lá.

A minha pequena adorou! Levou para a escola, para a aula de artes, para o play do prédio, e todos adoraram. Quando fui pegá-la na escola as crianças me cercaram: "tia, você comprou onde? Vou pedir a minha mãe para comprar para mim também" rsrsrs Em meio a tanta porcaria que esses pequenos querem imitar e "ter também", fico feliz que a simplicidade criativa e alegre dos kinolivros tenha chamado suas atenções também. Os nossos já estão com as capas bem marcadinhas de tanto uso... fico feliz e vou aprendendo a controlar minha mania de ter livros intactos...

Ah, e estou aprendendo também a controlar meus engasgos de posts. As vezes é porque não consegui tirar aquelas fotos que queria, ou fazer aquela consulta, ou ter aquela inspiração que acho que o livro merece. O último foi por tratar de um fato que ainda não está resolvido para mim. Mas o que preciso aprender é que, independente do motivo, sempre haverá algo especial esperando a vez para desengasgar o blog. E quando mais rápido, melhor...

26 julho 2013

A bola de Ceci e o vestido de Max!

Ceci e o vestido do Max
texto: Thierry Lenain
ilustrações: Delphine Durand
tradução: Marcela Vieira
editora: Companhia das Letrinhas

No último título lançado no Brasil, a duplinha Ceci e Max, vão juntos ao supermercado, e enquanto Ceci fica encantada com uma bola de couro dourada, Max suspira de amores por um vestido rosa cheio de frufrus. Ele diz que imagina como Ceci ficaria linda nele, mas Ceci nem quer pensar em usá-lo... ah, mas Max insiste, insiste... e Ceci concorda, desde que Max use também...

O livro traz uma abordagem super interessante sobre os esteriótipos de meninos e meninas, e o estranhamento quando alguém apresenta os "interesses errados". Porque é tão estranho uma menina gostar de bola e futebol? E mais estranho ainda um menino gostar de vestido cor de rosa? Pfff... fico pensando quantos interesses e desejos são simplesmente sufocados por não se encaixarem no que a sociedade espera que gostemos!

Fico impressionada como as crianças simplesmente aprendem estas regras estereotipadas de meninos e meninas, mesmo que, aparentemente, não tenham contato com elas. Lembro quando a minha filha, ainda uma bebezona, começou a dizer que menino não podia usar rosa ou brincar de boneca... ah, o machismo nosso de cada dia! Fomos então, nos empenhando em mostrar outras referências a ela, tentando desconstruir alguns conceitos... difícil ensinar a filha o contrário de coisas tão irraigada em nós - e nem adianta achar que não - mas acho que sempre vale a pena tentar.

E esse é mesmo um bom livro para abrir uma conversa sobre como esse papo de menino não pode isso, menina não pode aquilo, é bobo e limitante. Aliás, tem esse outro também. Porque, como sempre digo, estas novas gerações são capazes de muito mais do que nós, podem e devem nos superar. E quem sabe para meus netos e bisnetos ser menino ou menina não seja fator limitante para escolher a cor de uma roupa ou o esporte para praticar! Quanto a Ceci, ela bem que ensaiou rir e ridicularizar Max por usar um vestido, mas não fez nada disso... ela teve que admitir que o tal vestido rosa e cheio de frufrus fica muito melhor em Max que nela.

24 julho 2013

O que é preciso para ganhar beijinhos da Ceci?

Os beijinhos da Ceci
texto: Thierry Lenain
ilustrações: Delphine Durand
tradução: Heloisa Jahn
editora: Companhia das Letrinhas

O terceiro livro de Ceci e Max trata do namoro dos dois. Namoro de criança, mas levado muito a sério por eles. Ahhh, e como Ceci é uma namorada difícil! Max adora os beijinhos de Ceci, e faz qualquer coisa para consegui-los... mas Ceci exagera! E na escola, na hora do recreio, manda Max ficar sentado nos degraus da escada do banheiro, a espera de, talvez, ela ter vontade de lhe dá um beijo. E Max fica, no primeiro, no segundo e no terceiro dia... mas nada de ganhar beijos de Ceci. Ele já está bem chateado quando a professora vem tentar descobrir porque ele já não brinca no recreio, e ao saber a verdade - mas sem saber o nome da namorada, porque isso é segredo sagrado - faz um discurso sobre peixes, pássaros, cabras, aquários, gaiolas e tocos... kkkk 

Max fica confuso, tem pesadelo a noite, mas na manhã seguinte tem certeza de uma coisa: o apaixonado não foi feito para ficar esperando um beijo sentado na escada do banheiro! Mesmo correndo o risco de perder os beijos de Ceci, Max deixa isso claro para a namorada, afinal, se ela quiser dar um beijo nele que vá ao lugar onde ele estiver. E não é que é exatamente isso que Ceci faz? E Max ganha um belo beijo na bochecha. Ah, a crueldade dos apaixonados, se desfaz rapidinho quando há o risco de perder o ser amado rsrs

Adoro a forma como Max se rebela contra a tirania de Ceci! E adoro o jeito que ela corre atrás do namorado: "Na verdade, Max, prefiro você deste jeito!" Tiranias desse tipo são tão comuns numa fase da infância, inclusive com crianças do mesmo sexo. São normais, eu sei, fazem parte do crescimento, eu sei, mas gosto da ideia de dizer a elas que se dá valor a quem se dá valor... eu queria te aprendido isso bem mais cedo...

22 julho 2013

Para ter um bebê!

Ceci quer um bebê
texto: Thierry Lenain
ilustrações: Delphine Durand
tradução: Paulo Werneck
editora: Companhia das Letrinhas

Depois de conhecer Ceci tem pipi? eu só pensava em conhecer os outros livros da série. E como nunca os encontrei em livrarias ou bibliotecas, o jeito foi pedir pela internet. E aí preciso confessar a vocês que Ceci quer um bebê me causou espanto, e não tive coragem de entregá-lo a filha. Pois é, excesso de moralismo, provavelmente. Fiquei viajando que aquele ainda não era o momento para Letícia conhecê-lo, que era melhor esperar ela crescer um pouquinho mais - tolinha. Rá, mas a vida se encarregou de driblar meus medos pudicos, e um dia, sem querer, ela viu sua capa dentro do meu armário, e gritou logo "Ceci! Tem outro livro de Ceci?" Aí já era, não tinha mais nada a fazer senão entregá-lo rsrs

Do jeito direto de Thierry abordar os temas, Ceci começa esse livro perguntando a Max se ele a ama, e ao ouvir uma afirmativa, faz a proposta sem pestanejar "Vem cá. Vamos fazer um bebê." E ele vai, apesar do susto e do medo que sente - filho é coisa séria, né? Mas nem pense em cegonhas ou repolhos, Ceci não é boba rsrsrs Ela sabe que para fazer um bebê o papai e a mamãe têm que deitar na cama e se abraçar forte, não sem antes fechar bem a porta do quarto - para fazer um bebê, a porta do quarto tem que estar bem fechada. Depois do abraço apertado, os dois vão lanchar - e Ceci acha que já pode até sentir o bebê!

No dia seguinte é carnaval, e Ceci e Max vão à escola fantasiados. Max vai de guerreiro das estrelas. Ceci vai apenas com um barrigão. A professora elogia sua fantasia de mamãe grávida e a escuta dizer que não está fantasiada. No dia seguinte não é mais carnaval, mas Ceci continua de barrigão. Hum, Max começa a ficar preocupado. E fica mais ainda quando, alguns dias depois, vê Ceci chegar sem barrigão e com um bebê... de verdade. A história é muito divertida, e fala de sexo e da chegada de irmãozinhos de forma leve, além de trazer o desejo das crianças de viverem experiências adultas, como namorar, casar e ter filhos. Uma forma muito legal de abordar esses assuntos, principalmente se as curiosidades já começaram.

19 julho 2013

Sem-pipi ou Com-perereca?

Em abril do ano passado, escrevi um post sobre um livro que adoro: Ceci tem pipi? Ele é o primeiro de uma série, e na época planejava escrever logo na sequência sobre os outros dois. Bom, nem preciso dizer que acabei não escrevendo... E nesse tempo, o quarto livro foi lançado no Brasil, e recentemente consegui comprá-lo. E aí que me deu uma vontade enorme de escrever sobre eles, inclusive sobre aquele primeiro, que já escrevi. Foi assim que nasceram esses quatro posts, que começo a publicar hoje, sobre os títulos da deliciosa série do francês Thierry Lenain (bom, os títulos já traduzidos e lançados no Brasil).

Ceci tem pipi?
texto: Thierry Lenain
ilustrações: Delphine Durand
tradução: Heloisa Jahn
editora: Companhia das Letrinhas

Como o próprio Thierry afirma, ele é um escritor que escreve histórias que defendem as meninas. Na verdade, suas histórias abordam questões da sexualidade para as crianças, falando para elas, na sua linguagem, e buscam desconstruir algumas ideias machista e sexista. Mas esqueça se te veio à mente "livros endereçados", desses que tem como objetivo principal ensinar algo ou passar uma mensagem, e só por acaso têm uma história condutora. As histórias de Ceci são muito boas, sensacionais, eu diria. E o que eu mais gosto nelas é que Thierry não caiu nas armadilhas mais comuns, como falar sobre sexo para crianças usando metáforas bobinhas ou uma porção de termos técnicos, ou ainda abordando o sexismo com um discurso moralista. Suas histórias são diretas, claras, e na linguagem do pequeno leitor - tratando a criança com respeito - e como eu gosto disso...

Pela editora francesa, já são oito* os títulos da série da dupla Zazie e Max. Aqui no Brasil, Zazie virou Ceci, e já estão lançados os quatro primeiros títulos. E é nesse primeiro livro que a duplinha se conhece, quando Ceci vai estudar na sala de Max, e causa uma verdadeira revolução na vida do colega. Tudo isso porque a chegada de Ceci faz pela primeira vez Max repensar algo que já estava muito bem formatado em sua cabeça: no mundo existem as pessoas Com-pipi e as Sem-pipi, e é claro que as Com-pipi são mais fortes - elas têm pipi, não é mesmo? E nem foi Max quem inventou isso, sempre foi assim, desde a época dos mamutes. Por isso, Max nem liga quando a professora apresenta Ceci - ela é uma Sem-pipi!

O mundo para Max antes de Ceci.

Ah, mas Ceci não é menina que se possa ignorar! Ela desenha mamutes ao invés de florzinhas fofinhas, joga futebol, não tem medo de subir em árvores e sempre vence nas lutas. Ceci simplesmente não cabia no formato arrumadinho de Com-pipi e Sem-pipi que norteava a cabeça de Max. Tinha alguma coisa diferente naquela garota... será que Ceci é uma Sem-pipi que tem pipi? Mas isso seria trapaça, não? E essa dúvida não sai da cabeça de Max...
Ceci e Max devem ter uns 5 anos, e é mesmo mais ou menos nessa fase que as crianças começam a realmente incorporar que meninos e meninas precisam ser diferentes, e não apenas por terem ou não pipi. Menino gosta de bola, menina gosta de boneca. Menina não pode gostar de bola, menino não pode gostar de boneca. E claro, meninos e meninas não devem se gostar... pffff... que chatice.

Mas a sacada do livro é sensacional! Nunca tinha visto um livro infantil tratar a questão do sexismo na infância de forma tão direta e acessível à criança! Ele traz a ideia freudiana de castração e inferioridade das meninas de uma forma simples e sem rodeios. E ao final da história, quando finalmente Max reconstrói sua ideia das diferenças entre meninos e meninas - já que a primeira foi detonada por Ceci - percebe que, na verdade, existem os Com-pipi e as Com-perereca! Sim, somos diferentes... mas não tem nada faltando nas meninas!

O mundo para Max depois de Ceci

* além de um exemplar com cinco histórias, as quatro primeiras, já lançadas no Brasil, e uma inédita.

11 julho 2013

Olhos que veem o que ninguém mais ver...

O menino que espiava pra dentro
texto: Ana Maria Machado
ilustrações: Alê Abreu
editora: Global


Esse não foi um livro que me conquistou de cara. Li a primeira vez, gostei, mas achei ele um pouco confuso, longo demais para minha filha aproveitar. Depois surgiu a oportunidade de lê-lo novamente, e fui então me encantando com sua história. O texto de Ana Maria Machado trata de um dos assuntos mais incríveis para mim: o faz de conta infantil!

As crianças são mesmo incríveis na arte de fazer de conta, e o Lucas é craque dos craques. Por isso, sua avó costuma dizer, quando ele está distraído, sem ver nem ouvir ninguém, que ele está espiando para dentro. E está mesmo! Todo mundo espia pra dentro quando está dormindo, sonhando. Mas Lucas consegue espiar para dentro mesmo bem acordado. E num instante o espaço embaixo da mesa vira uma grande floresta, com árvores e animais selvagens, e o balançar numa rede, um veleiro enfrentando um mar agitado, com tempestades e piratas. Ah, e como eu sei como é isso... Letícia também adora espiar para dentro, e muitas vezes temos que atravessar a sala pulando em pedras invisíveis para não cair no rio perigoso, ou esconder debaixo do lençol para não ser capturados por um leão feroz. Eu adoro essa fantasia que ainda reside nela, e que já não acho tão facilmente em mim. Enquanto ainda está nela, incentivo sempre que posso, da melhor forma que posso, e quase sempre me divirto muito junto.

Ah, e Lucas tem um amigo imaginário, embora não use essa expressão. O amigo mora nos lugares para onde Lucas vai quando espia pra dentro, e juntos vivem todas as aventuras. Tatá, de Talento ou Tamanco, é mesmo seu fiel amigo. Contam os mais velhos que eu tive muitos amigos imaginários. Amigas, na verdade. Todas tinham nome e características bem claras. Coisa de filho único, diziam. Bom, só fui filha única por dois aninhos. Já minha filha, única aos seis, nunca teve amigos imaginários, ou pelo menos, nunca os dividiu conosco. Sempre brincou muito com suas bonecas, dava nomes a elas, atribuía atitudes humanas, mas suas amigas eram todas palpáveis. Aliás, sua boneca favorita é quase um membro da nossa família, sua amiga inseparável.

Mas bem, brincar com Tatá é tão divertido, que Lucas decide bolar um plano para ficar espiando pra dentro para sempre, ou pelos próximos 100 anos! Uma história divertida e viajante, sobre onde a imaginação infantil podem nos levar. No final do livro, Tatá vira um amigo real para Lucas, e eu suspeito que espiar para dentro ficou para ele ainda mais divertido.

As ilustrações são maravilhosas, cheia de encantos e fantasias. A capa já traz a brincadeira dos olhos vazados de Lucas, integrados com imagens "espiadas pra dentro" na primeira página, uma ótima sacada! A ilustração abaixo, tirada do blog do ilustrador, acompanha um texto lindo, que faço questão de transcrever para vocês:



"Tatá não respondeu logo. Como nesse dia eles tinham ido para um bosque cheio de fadas, elfos, duendes e gnomos, ele se distraia observando a atividade de todas essas criaturinhas. Quem estivesse olhando para fora só veria um menino contemplando abelhas, borboletas, lavadeiras e outros insetos, pelo meio das flores. Mas, espiando pra dentro, havia dois amigos e uma quantidade enorme de seres miúdos e diferentes escorregando em cogumelos, morando entre raízes, se pendurando em balanços de teia de aranha, viajando em favas ou brincando em cascas de nozes. Tudo muito longe daqui."

Como disse antes, é um livro com um texto extenso, uma história mais longa, mas que certamente empolga os pequenos. Aqui em casa, as vezes o lemos em etapas, mas ele sempre é bem aceito. Aliás, impossível esquecer a primeira vez que o li para Letícia, de uma vez só, e ao final ela me disse: "mamãe, eu também adoro espiar para dentro, né?". Não posso negar que fiquei espantada com a identificação tão imediata dela...

07 julho 2013

mais Suzy Lee...

Espelho
texto e ilustrações: Suzy Lee
editora: Cosac Naify


Sombra
ilustrações: Suzy Lee
editora: Cosac Naify


Ontem chegou pelo correio o livro que faltava para concluir a trilogia de Suzy Lee aqui em casa - os três títulos lançados no Brasil pela Cosac Naify. Embora valham muito a pena, seus preços são salgados, e eu tive que ter paciência para conseguir oportunidades de preços mais palatáveis e tê-los juntos comigo. Primeiro comprei Onda, depois Espelho, e agora chegou Sombra. Estou numa fase de fascínio com os livros de imagem. Fico encantada com a capacidade que alguns ilustradores têm de expressar sentimentos e situações com seus traços. Eu, que embora tenha algumas habilidades manuais sou um desastre com desenhos, fico babando com quem tem este talento. E talento, Suzy Lee tem de sobra.

O meu predileto é mesmo Onda. Pelo movimento, pelo azul, pelo respeito e admiração que tenho pelo mar, e pela possibilidade de imaginar a primeira vez de alguém diante do mar. Mas os outros também são sensacionais. Em Espelho, a menina depara-se pela primeira vez com seu reflexo no espelho: susto, medo, desconfiança e farra - muita farra - até que o reflexo cria vida própria. Na página do livro na Cosac Naify, além do link para ver a animação do livro, há, no final da página, algumas versões de narração para suas primeiras imagens, feitas pelos alunos da escola Carandá. Achei sensacional!
imagem do livro Espelho do site da Cosac Naify

Sombra traz as surpresas de uma menina descobrindo como sua sombra e a de outros objetos podem ser surpreendentes. Adoro este livro por ele abordar o faz de conta infantil, o que eu não me canso de admirar - sei que já perguntei antes, mas porque mesmo perdemos essa capacidade ao longo da vida? 

imagem do livro Sombra do site da Cosac Naify

E então uma maçã mordida no alto da cabeça transforma-se em uma coroa em sua sombra. Um aspirador de pó e algumas caixas, um elefante. Até que surge um lobo, e o real e as sombras começam a interagir. Não deixem de ver a animação do livro, aqui. Aliás, no ano passado, no festival SESI bonecos do mundo, tivemos a oportunidade de assistir ao lindíssimo espetáculo Sombras de Mão do grupo japonês Kakashi-za, e foi muito emocionando ver o que sombras são capazes de fazer.

Acho que os livros de Suzy Lee extrapolam qualquer tentativa de classificação etária. São indicados para qualquer idade - do bebê ao idoso - para criar e contar histórias, para brincar ou simplesmente para admirar. Agora juntinhos, os meus vão ganhar lugar de destaque em casa, para serem manuseados sempre que os olhos quiserem sonhar...

01 julho 2013

Distribuindo poesia...

A caligrafia de dona Sofia
texto e ilustrações: André Neves
editora: Paulinas

Como vocês sabem, Letícia trocou de escola este ano, e tem sido... digamos... um pouco difícil PARA MIM processar algumas mudanças. Algumas posturas em relação a alimentação e a condução de outras questões têm me deixado com o pé atrás - sorry, essa introdução é só um desabafo...

Apesar disso, no que se refere às questões pedagógicas, tenho ficado muito feliz com a condução das coisas. Letícia está muito bem adaptada e seus progressos em várias áreas são notórios. E o primeiro projeto do ano, que tratou de poesias e parlendas, me deixou muito feliz. Mais ainda com o fechamento dele, que se deu com um recital de poesias para o dia das mães. Emocionante define.

"O poeta
escreve poesia
para ser criança
todo dia"

Fernando Paixão

Com a pequena estudando poemas e poetas, lembrei-me deste livro e tratei de enviá-lo para a sala de aula. Acho que este foi o primeiro livro que comprei de André Neves - quando minha pequena ainda era uma bebezona - e depois vieram muitos outros. Hoje em dia, quando vejo seu nome numa capa, como autor ou como ilustrador, agarro logo o livro para conhecer, e quase sempre me apaixono. Acho surpreendente a estabilidade de André, como suas obras mantêm um excelente padrão, sempre - pelo menos na minha opinião. Acompanho muitos autores e ilustradores, gosto de seguir suas trajetórias, e para mim, poucos conseguem alcançar a estabilidade de qualidade dele.

"Ontem à tarde, quando o sol morria,
a natureza era um poema santo."
Castro Alves

Mas voltando para Dona Sofia, naquela época, eu sabia muito pouco sobre André Neves, e li o livro pela primeira vez, de pé em uma livraria, sem grandes expectativas. E foi sua história, tão doce e envolvente, que me conquistou em cheio. A história de Dona Sofia é encantadora: uma professora aposentada que dedica seus dias a cuidar de flores e a decorar as paredes de sua casa com.. poesia. Isso mesmo, seu amor pelos versos transbordava pelas paredes da casa, e ela, com sua linda caligrafia, as escrevia. Até o dia em que, cheias, as paredes não ofereceram mais espaços para poesias. O que faria Dona Sofia? Além das belíssimas ilustrações de André Neves, o livro trás vários trechos de poemas, dos mais variados poetas. Impossível um amante de poesias não se apaixonar.

"Há que se afirmar o corpo até o último sempre.
Exercer-se como instrumento capaz 
de receber a poesia do mundo"
Bartolomeu Campos de Queirós

A saída para o impasse de dona Sofia é o mais lindo possível: ela passa a escrever os versos, que já não cabem nas paredes, em cartões coloridos, decorados com flores prensadas, e os distribui a todos os moradores da cidade. É Seu Ananias, o único carteiro da cidade, quem as entrega. E a partir daí, a vida de Dona Sofia, de Seu Ananias, e dos moradores da cidade, começa a mudar. Todos começam a viver e dividir poesia. Uma história para pensar no prazer de ser lembrado por alguém, no valor do que se divide com amor (que dinheiro nenhum pode pagar), e no quanto pequenos gestos podem trazer efeitos surpreendentes. Eu, fico imaginando no quão delicioso seria um dia receber pelo correio um cartão com a linda caligrafia de Dona Sofia...

"Todos os dias deveríamos ler um
bom poema, ouvir uma linda canção,
contemplar um belo quadro
e dizer algumas bonitas palavras.

Pensar é mais interessante
que saber, mas é menos
interessante que olhar."
Goethe

26 junho 2013

Para quem tem Canela Fina!

Canela Fina
Intérprete: Grupo Canela Fina
Gravadora: Grupo Canela Fina

Feliz feito passarinho de estar inaugurando a sessão O que os cachinhos ouvem. Bom, até tem um post feito ano passado nesta sessão, mas é a primeira vez que escrevo um post especificamente para ela :)

E aí, quanta dúvida na hora de escolher quem trazer aqui nesse primeiro post. Sim, porque fiquei na dúvida entre dois discos fantásticos! Mas por fim, achei que era melhor trazer logo o grupo menos conhecido fora de Salvador (embora o outro também seja originalmente soteropolitano). O disco Canela Fina está no  som do meu carro há meses, e ninguém pensa em tirar ele de lá. Claro que também ouvimos rádio e músicas gravadas no pendrive, mas a filhota acaba hora ou outra pedindo "coloca aí o Canela Fina!".

Atualmente, o grupo, criado em 2010 por Angelita e Kamile, é formado pelos educadores musicais Angelita Broock, Kamile Levek, Carla Suzart e Diogo Flórez, que também tocam turmas de musicalização infantil na UFBA, na escola Dorilândia e na Brinquedoteca Malubambu, aqui em Salvador. Eu conheci o grupo de musicalização da UFBA quando Letícia era pequenina, mas acabei nunca conseguindo conciliar vaga, horário e disponibilidade.

Até que ano passado fomos ao primeiro show do grupo, e fiquei espantada com a reação dela! É que Letícia geralmente é pouco expansiva em shows, e como geralmente acontece, ela ficou muito quieta, diferente da maioria das outras crianças, que brincavam e dançavam. Minha única pista de que ela estava gostando era a forma como prestava atenção a tudo e aplaudia ao final de cada música... mas quando o show terminou e foi anunciado a venda de CDs, ela me pediu para comprar um para ela. Hum, talvez ela tivesse gostado mais do que eu imaginava! A certeza veio quando chegamos em casa e ela correu para pegar o violão do pai e seu microfone de brinquedo, e fez um show particular para nós rsrsrs Outro dia me contou de uma conversa com um colega da escola, sobre cantores preferidos, como Michael Jackson era um ótimo cantor, e que ela tinha dito "meu grupo favorito é o Canela Fina". E ela ficou impressionadíssima porque o colega não conhecia... não sabe o que está perdendo rsrsrs

Para vocês conhecerem um pouquinho do grupo, seguem dois vídeos do show Pepe e a jornada espacial:



Pena que não encontrei o vídeo da minha música favorita "Lá no castelo" - adoro imitar o dragão cantor ;)

Se você não é de Salvador, não deixe de conhecer o grupo. A livraria Cultura vende o CD pela internet e você pode pedir para retirar na loja sem cobrança de frete - veja aqui. Se é de Salvador, além do CD, fique ligado na agenda de shows, eu garanto que valerá a pena...