10 setembro 2012

Colecionando amigos e amores

O colecionador de pedras
texto: Prisca Agustoni
ilustrações: André Neves
editora: Paulinas

Quando admiramos o trabalho de uma pessoa, acabamos criando uma confiança de que tudo que tenha seu dedo será de boa qualidade. Costumo sentir isso com filmes, quando identifico no elenco atores que na minha opinião não se aventurariam em uma produção ruim. O mesmo acontece com os livros. Quando vejo um livro ilustrado por um dos meus ilustradores favoritos, sei que tenho algo especial aí, pois eles não ilustrariam algo realmente ruim. Foi assim que cheguei a O colecionador de pedras. Ele estava na prateleira da livraria, e de imediato reconheci os traços de André Neves, pegando-o para ler.

O livro é realmente muito, muito lindo. Crianças e adultos vão se encantar, e refletir, embora em níveis diferentes. A história se desenrola com o menino Ambaye, que é muito pobre mas muito sensível. Apesar da pouca idade ele aprendeu desde cedo "a arte da escuta e da paciência". "Com o vento aprendeu a conversa dos olhos, o sorriso das mãos, as lágrimas dos lagartos. Com as mulheres da família aprendeu a tecer palavras e conchas para fazer as mais lindas joias - as que são invisíveis."

Mas o que Ambaye gosta mesmo é de colecionar pedras. É que ele se encanta com a maneira descompromissada com que as pedras chamam a atenção, apenas ficando a beira das ruas de terra vermelha. Elas acalmam seu coração. Foi por causa delas que Ambaye começou uma longa viagem. E foi percorrendo seu país que ele encontrou uma moça "vestida de solidão". Seu nome era Noémi e seu rosto era "aninhado em maravilhas e tristezas". Entretanto, por mais que tentasse, Ambaye não conseguia fazer Noémi sorrir. Eles caminhavam lado a lado, mas nada parecia capaz de tocar o coração da jovem Noémi, que seguia cabisbaixa e triste.

Mas Ambaye não desiste fácil, e dia após dia, continua tentando fazer sua amiga sorrir. Até descobrir o que falta para fazê-la ser feliz de verdade: a surpresa. A vida não lhe trouxera surpresas, além da dor e das perdas. Por isso, ela seguia sem expectativas, sem esperança... e não há como sorrir verdadeiramente quando não se tem perspectiva de algo diferente, quando não se permite surpreender-se.

O livro realmente alcança a todos. É profundo, mas sua linguagem é bastante simples, e as ilustrações muito expressivas. Minha pequena o adora, e pede para lê-lo repetidas vezes, com se quisesse sugar cada gota que ele possa lhe oferecer. Alguém já conhece o livro? Que tal contar como o sugou?

Um comentário:

  1. Não conhecia. Sua descrição me trouxe tal encantamento que já o coloquei na listinha ( quarentena! ) e espero que saia de lá breve, breve.
    Parece ser delicado, poético. Assim que ler, volto para contar.
    Beijo

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