A menina que falava bordado
José Carlos Lollo desenhou
Blandina Franco bordou
Giacomo Favretto fotografou
editora: Amarilys
Minha filha é uma
criança tímida, bem do jeito que eu era com a sua idade. E assim como eu, ela é
super calada com quem não conhece - mas uma tagarela quando já se sente a
vontade. Até pouco tempo atrás, eu ficava muito incomodada com esse seu
comportamento, queria forçar que ela se comunicasse melhor, não apenas que
cumprimentasse as pessoas, mas que fosse falante e extrovertida. O que eu
temia, e ainda temo, é que ela passasse por todas as dificuldades pelas quais
passei para romper com a timidez, o que no meu caso aconteceu por volta dos 15
anos. Bom, mas depois de umas cabeçadas, percebi que essa atitude não a
ajudava em nada, e não a fazia mais "falante".
Ter um filho é mesmo
uma viagem impressionante, onde aprendemos bem mais do que possamos pensar ensinar.
E nessa minha viagem como mãe dela, tenho aprendido algumas coisas preciosas.
Primeiro, que não posso evitar, mais que isso, privá-la, de passar por suas
próprias dificuldades, romper suas próprias barreiras, sofrendo e colecionando
seus próprios aprendizados. Segundo, que minha missão é mesmo de ajudá-la a
passar pelos percalços da vida, mas respeitar sua identidade e sua trajetória é
o passo número zero para isso.
Ahhh, mas como é
difícil! Quando vejo crianças da sua idade extrovertidas, falantes, receptivas
com o desconhecido, e olho a minha pequenina “travando” até diante de pessoas
conhecidas... dá uma vontade imensa de falar a ela: “filha, não perde tempo, a
timidez rouba tanto de nós” rsrs Mas a verdade é que ela tem todo o tempo do
mundo, o suficiente para errar e corrigir erros, inclusive. Estou aprendendo a
perceber suas outras formas de comunicação, aprendendo a ler suas entrelinhas,
e tentando respeitar mais seus momentos introspectivos. Afinal, porque temos
todos que nos comunicar da mesma forma?
Por tudo isso gostei
tanto da proposta do A menina que falava bordado. Achei que tinha tudo a ver com a
minha menina, a filha e a que fui. É que a menina do livro quase não fala. Mas
ela fica calada não porque não sabe ou não tem o quê falar, nem tampouco por
ser triste. Ela não fala porque acha bem mais divertido bordar. E bordando
ela consegue se expressar direitinho, seus bordados refletem tudo que ela sente.
Assim, ela tem ponto para toda situação: ponto para quanto tem pressa, para
quando esta triste e cansada, para quando quer abraçar ou se unir a alguém, e até para quando
quer que ninguém a entenda. De um jeito doce e poético,
o livro mostra que cada um tem um jeito próprio de se expressar, e que precisamos prestar mais atenção no outro para perceber o que querem nos dizer.
Mas o livro tem algo muito especial: a forma como foi feito. Todo o livro, inclusive seus textos, foram bordados. Isso mesmo, cada ponto que a menina usa foi ilustrado e associado a um sentimento ou uma situação, e tudo isso é expresso através de bordados, como a história sugere. Minha mãe era uma grande bordadeira, e eu também adoro agulhas e linhas. A filha, sempre que me via bordando, pedia para bordar também, e eu sempre prometia comprar agulha de crianças para ela... e nada. Com A menina que falava bordado, o pedido ressurgiu, e eu achei que já estava na hora de atendê-lo. Comprei uma agulha de bordar grossa, sem ponta, e linhas. Prendi um pedaço de tecido de algodão em um bastidor e o entreguei para que ela desenhasse livremente com um lápis. Depois a ensinei a segurar o bastidor e manusear a agulha. Fui acompanhando seu trabalho, dando dicas, mas em pouco tempo ela já estava bordando sozinha. As miçangas no miolo da flor foi ideia minha, que ela executou praticamente sozinha (só ajudei para que ficassem com formato redondo), e no resto do bordado, apenas as pétalas tiveram uma ajuda maior minha.
Olhando aquelas mãos gordinhas dominando a agulha, foi inevitável me emocionar. Minha mãe não a conheceu, mas sei que sua estrelinha brilhou mais forte naquele dia...
Mas o livro tem algo muito especial: a forma como foi feito. Todo o livro, inclusive seus textos, foram bordados. Isso mesmo, cada ponto que a menina usa foi ilustrado e associado a um sentimento ou uma situação, e tudo isso é expresso através de bordados, como a história sugere. Minha mãe era uma grande bordadeira, e eu também adoro agulhas e linhas. A filha, sempre que me via bordando, pedia para bordar também, e eu sempre prometia comprar agulha de crianças para ela... e nada. Com A menina que falava bordado, o pedido ressurgiu, e eu achei que já estava na hora de atendê-lo. Comprei uma agulha de bordar grossa, sem ponta, e linhas. Prendi um pedaço de tecido de algodão em um bastidor e o entreguei para que ela desenhasse livremente com um lápis. Depois a ensinei a segurar o bastidor e manusear a agulha. Fui acompanhando seu trabalho, dando dicas, mas em pouco tempo ela já estava bordando sozinha. As miçangas no miolo da flor foi ideia minha, que ela executou praticamente sozinha (só ajudei para que ficassem com formato redondo), e no resto do bordado, apenas as pétalas tiveram uma ajuda maior minha.
Olhando aquelas mãos gordinhas dominando a agulha, foi inevitável me emocionar. Minha mãe não a conheceu, mas sei que sua estrelinha brilhou mais forte naquele dia...
Mil,
ResponderExcluirSempre se pode "aprender a vida"
com um livro.A MENINA QUE FALAVA
BORDADO é um exemplo disto.
Para mim, a menina da história
bordava a vida, como a LETÍCIA
nas fotos.
Parabéns, LETÍCIA!Adorei seu
bordado.
beijos
Cristina Sá
http://cristinasaliteraturainfantil
ejuvenil.blogspot.com