05 outubro 2012

chuva, trovão, trovoada...

O menino que chovia
texto: Cláudio Thebas
ilustrações: Ivan Zigg
editora: Companhia das Letrinhas

Quem nunca presenciou aquela cena típica de uma criança fazendo escândalo, com direito a choros, gritos e debates físicos, por uma bobagem qualquer? As vezes a cena é com a SUA própria criança... Acho que ninguém pode dizer que não viveu ou presenciou algo assim. Bom, eu não posso.

A cena já aconteceu com a minha filha algumas vezes. A primeira foi emblemática, com barriguinha no chão do shopping, braços e pernas se batendo, gritos de muitos decibéis, e uma atenta platéia esperando minha reação. Ela tinha cerca de 1 ano e meio, e o motivo foi um cachorrinho de pelúcia que "respira de verdade" na vitrine de uma loja de calçados infantis - para aumentar minha teima com "brinquedos de verdade"... Depois vieram outras, cada vez menos intensas e menos frequentes, e nenhuma mais em público - que eu me lembre... eu não esqueceria, né? rsrs

O menino que chovia retrata exatamente estas situações, mas de um jeito criativo e divertido. No seu texto todo rimado, Cláudio Thebas em nenhum momento fala de birras, choros, gritos ou lágrimas. Quando contrariado ou frustrado, o menino da história chovia. "E não era chuva, chuvisco, chuvinha. Era chuva, trovão, trovoada. Por qualquer coisa, coisinha, o menino relampejava". Podia ser porque tinha salada no almoço, ou porque seu time perdia no jogo, logo vinham raios para todo lado, e uma chuvarada sem fim... ou até que atendessem seus pedidos. Assim, claro, "o menino foi aprendendo: se ele queria uma coisa, bastava ficar chovendo". E tome-lhe raios, trovões e inundações... te lembra algo familiar???

Alguns versos são impagáveis para mim, como: "O pai imitava macaco, a mãe dançava na pia, tudo isso por medo da chuva, e pra ver se o menino comia". Não tem como não lembrar da minha própria infância... quando eu fazia tempestades e me recusava a comer. Nunca aceitei entrar nessa roda-viva com a minha filha, por puro trauma. Já minha pequena adora a parte que o campo de futebol alaga inteiro, e o goleiro leva um raio no nariz - principalmente pelas ilustrações de Ivan Zigg, e do pobre goleiro sentado sobre a trave... 


E as coisas seguiram assim, até que a família se deu conta que tanta tempestade precisava ter um fim, e que era preciso ensinar ao menino a lidar com as próprias frustrações. O pai tem uma ideia brilhante, que todos ajudam a executar, e o menino logo percebeu que chover já não resolvia nada...

Aqui em casa, a estratégia que mais funciona é a de ignorar, e só dar atenção quando ela está calma para conversar. Com o tempo ela foi percebendo que só perdia com tantas tempestades... mas vocês sabem, existem dias mais nublados, e como o menino do livro, mesmo depois de aprender que tempestades não levam a nada, ela ainda chove quando acorda mal-humorada. E você, tem alguma estratégia para as tempestades infantis?


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