Malvina
textos e ilustrações: André Neves
editora: DCL
O aniversário da pequena está chegando, e como todos os anos, isso me deixa sensível, saudosa e reflexiva. Será seu 13º aniversário, de pequena ela já não tem nada, mas a sensação de renascimento em mim permanece. Lembro do quanto ela foi aguardada e desejada. Lembro do quanto tive medo de não dar conta. Lembro de quantas alegrias e tristezas já vivemos juntas. Lembro do quanto tive que aprender. Aliás, desaprender para aprender diferente, na maior parte das vezes. Foi um aprendizado imenso para nós duas. E por isso acho que renasço a cada novembro que vivo.
Este ano, dentre as muitas reflexões que fiz, me peguei pensando o quanto já errei com ela. Sim, errar era e continua sendo a única certeza que tenho deste que embarquei nessa de ser mãe. Mas essa certeza não reduz o desejo de errar pouco, ou pelo menos de acertar mais. E a culpa materna, essa implacável que está quase sempre presente, mesmo que sutilmente, fica do meu lado nessas horas, me ajudando a lembrar que ela passa tempo demais nas telas, que ao longo desse ano eu fiquei ausente muitas noites trabalhando e que já não tenho o mesmo ânimo do passado para atividades culturais ou ao ar livre com ela... pffff... verdades difíceis de assumir.
Estava perdida nos meus pensamentos quando, passando pela estante, Malvina me sorriu alegre. Por que Malvina é assim, um sopro de alegria. Ela é uma menina que vive a inventar coisas legais, como o aparador de sorvete, o guarda-chuva para sapatos e o chapéu ventilador. Uma menina com tanta criatividade e imaginação que contagia a todos. Bom, a quase todos. É que se Malvina é boa em inventar, a mãe de Malvina é boa em se preocupar. Ela fica preocupada com as invenções da filha, claro, mas nem tem tempo de se demorar muito nessa preocupação, porque ela tem muitas outras, como a casa, as notícias do jornal e em não pisar em formigas. E ela se preocupa principalmente com o que os vizinhos pensam das suas preocupações - o que é muito comum em pessoas preocupadas.
Foi por isso que Malvina decidiu inventar a maior das suas invenções: uma máquina de despreocupação! Uma máquina para resolver todos os problemas do mundo, e então deixar sua mãe despreocupada. Mas a máquina não funcionou. E pior, aconteceu algo terrível com Malvina: ela perdeu todas as suas ideias, e ficou com a cabeça completamente vazia. E agora, o que ela faria sem invenções? Foi quando a mãe viu Malvina preocupada de verdade pela primeira vez na vida que ela resolveu que tinha que inventar algo para ajudar a filha, e fez uma invenção que realmente funcionou. E terminou o dia sem preocupação alguma.
Malvina diz tanto sobre essa relação mãe e filha, desse jeito simples e encantador que apenas bons livros infantis são capazes. Hoje foi ela quem me aqueceu o coração, ao me lembrar o quanto propiciei criatividade e imaginação nos primeiros anos da minha pequena adolescente. As brincadeiras com caixas, tintas, tampas de panelas e o que mais surgisse. As ideias para o natal ou para presentear os primos. As histórias, os teatrinhos, as conversas viajantes. Tantas risadas contagiantes. Inventar sempre foi uma prioridade respeitada nessa casa.
Mas como a mãe de Malvina, em alguma curva da vida, me deixei inundar com preocupações, inclusive aquela inevitável para os preocupados. As vezes sinto que não consigo parar as preocupações, que elas se emendam umas nas outras. É, vou ter que inventar a maior invenção de todas: me reinventar! Quem sabe assim eu não termino o dia sem uma preocupação sequer?
Foi por isso que Malvina decidiu inventar a maior das suas invenções: uma máquina de despreocupação! Uma máquina para resolver todos os problemas do mundo, e então deixar sua mãe despreocupada. Mas a máquina não funcionou. E pior, aconteceu algo terrível com Malvina: ela perdeu todas as suas ideias, e ficou com a cabeça completamente vazia. E agora, o que ela faria sem invenções? Foi quando a mãe viu Malvina preocupada de verdade pela primeira vez na vida que ela resolveu que tinha que inventar algo para ajudar a filha, e fez uma invenção que realmente funcionou. E terminou o dia sem preocupação alguma.
Malvina diz tanto sobre essa relação mãe e filha, desse jeito simples e encantador que apenas bons livros infantis são capazes. Hoje foi ela quem me aqueceu o coração, ao me lembrar o quanto propiciei criatividade e imaginação nos primeiros anos da minha pequena adolescente. As brincadeiras com caixas, tintas, tampas de panelas e o que mais surgisse. As ideias para o natal ou para presentear os primos. As histórias, os teatrinhos, as conversas viajantes. Tantas risadas contagiantes. Inventar sempre foi uma prioridade respeitada nessa casa.
Mas como a mãe de Malvina, em alguma curva da vida, me deixei inundar com preocupações, inclusive aquela inevitável para os preocupados. As vezes sinto que não consigo parar as preocupações, que elas se emendam umas nas outras. É, vou ter que inventar a maior invenção de todas: me reinventar! Quem sabe assim eu não termino o dia sem uma preocupação sequer?
Nenhum comentário:
Postar um comentário